quarta-feira, 8 de julho de 2009

Maestro Zezinho, qual é a música?

Essa frase hipnotizava, todo domingo, milhões pessoas que, por volta das 14 horas, sintonizavam o Qual é a música, no programa Silvio Santos.

Era final da década de 70 e início da de 80, e o show dominical imbatível fez a fama de artistas hoje meio esquecidos como Miss Lene, Jane e Erondi, Kátia, Vanusa, Maria Alcina, As Patotinhas, Agnaldo Timóteo, Ronnie Von, Sílvio Britto, Genghis Khan, Trio Los Angeles, Ângelo Máximo, Márcio Greyck, Gretchen, Harmony Cats, Lilian, entre outros.

O programa consistia de uma disputa entre dois artistas sobre temas musicais. O vencedor voltava na semana seguinte. Antes de se iniciarem os jogos, cada um cantava seu sucesso do momento, fato que deve ter impulsionado muitas carreiras que, de outra maneira, estariam confinadas à programação das rádios AM da vida.

A Globo, muito poderosa e elitista, desprezava a grande maioria dos artistas que apareciam no Qual é a música. O que, na prática, devia fazer pouca diferença, porque, para desespero do senhor Roberto Marinho, ninguém conseguia derrotar o carismático apresentador carioca, nas tardes de domingo.

Amado e odiado em iguais doses, Silvio Santos criou um estilo único. Imitado, parodiado e ridicularizado fartamente, o fato incontestável, para o bem e para o mal, é que ele jamais foi igualado.

Quem viveu essa época jamais esquece verdadeiros monumentos do brega nacional eternizados no programa. Claro que o mais marcante foi mesmo Tranquei a Vida, de Ronnie Von, campeão absoluto da competição, com zilhões de semanas no ar.

A rebolante Gretchen quase abocanhou a coroa de Ronnie (é sério, tinha uma coroa de verdade!). Outro grande competidor foi Silvio Britto (o que aconteceu com ele? Alguém se lembra de alguma música do moço? Eu só consigo me lembrar do visual a la John Lennon e de uma grande simpatia).

Porém, talvez, mais lembrado que os próprios cantores, seja o dublador argentino Pablo. Com um inacreditável penteado de príncipe encantado e uma maquiagem meio carnavalesca cobrindo a metade do rosto, o artista portenho dava pinta impunemente, em plena época de censura e ditadura militar.

Ao longo dos anos 80, a fórmula foi perdendo seu encanto e o Qual é a música caiu, aos poucos, no esquecimento. Não para Silvio, que segue tentando novas versões do programa até hoje.

Para nostálgicos e saudosistas em geral, no entanto, o quadro permanece um ícone de uma época de diversões inocentes, em que a televisão ainda era soberana.

8 comentários:

Cris França disse...

Nossa que recordação boa! rs
Sabe que eu acho que essa era a minha brincadeira favorita.
Falavamos uma palavra e a pessoa tinha que adivinhar que musica a gente tinha pensado...amei esse post!
seu blog é muito legal
beijão!

Unknown disse...

Foi um programa que marcou época, grande lembrança.

Unknown disse...

Foi um programa que marcou época, grande lembrança.

Luis Valcácio disse...

Olha, Cris, eu tinha uma brincadeira parecida com minhas irmãs: a gente escolhia uma palavra aleatoriamente no dicionário e o outro tinha que lembrar de uma música que tivesse a tal palavra. Uma bobagem que nos consumia durante horas...
Grande abraço

Portugal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Portugal disse...

Olá amigo, fico grato por ser meu seguidor e parabenizo pela qualidade do seu blog.
Concerteza serei seu seguidor assíduo.
Abração.

Alberto de Oliveira disse...

Vivi essa época e chegava a me deliciar fazendo minhas "apostas".

Bem lembrado!!!

Anônimo disse...

excelente texto, luis. enxuto, informativo e analítico. privilégio de poucos. e o tema? realmente merecedor da atenção de um espaço voltado à música. e de qualquer espaço aberto à cultura brasileira, apesar de desconfiar que a fórmula não deveria ser exatamente nossa.
lázaro luis lucas
brasília-brasil