quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Na Tribo dos Maníacos

Saudade é um sentimento estranho. Vem de repente, sem dar aviso. Dia desses, me peguei saudoso de uma banda americana surgida lá nos anos 80. Chamava-se 10,000 Maniacs e tinha uma vocalista doce, inteligente e sensível. Essa moça, que atende pela graça de Natalie Merchant, continua na ativa, mas lança discos com um espaço de tempo cada vez maior.

Os Maniacs surgiram no início da década de 1980 e, ao lado de bandas como R.E.M., Hüsker Du e The Replacements, protagonizaram o movimento que viria a ficar conhecido como college rock. O nome do movimento fazia referência a bandas que muitas vezes nasciam em campus universitários e que eram divulgadas por fanzines e rádios comandadas por estudantes.

No final da década, o R.E.M. se tornou mundialmente conhecido, assinou contrato com uma grande gravadora e escancarou as portas do mercado para nomes como Nirvana e Pearl Jam. Mas isso já é outra história...

O 10,000 Maniacs nunca atingiu o mega-estrelato, mas marcou os corações das poucas pessoas que o conheceram.

Para mim, eles gravaram 3 discos excelentes: In My Tribe (1987), Blind Man’s Zoo (1989) e Our Time In Eden (1992), sendo que este último chega perto da perfeição. A bela voz de Merchant conduz o ouvinte por canções que podem ser lidas como microcontos. Tudo com o elegante instrumental que atualizava a folk music americana, com toques de reggae, pop e música clássica.

Não consigo pensar em nenhum grupo depois deles que soe tão honesto e verdadeiro. É por isso que, vez ou outra, vem aquela saudade boba.

É aí que somente a voz inesquecível de Natalie, cantando Don’t Talk ou Jezebel, pode me trazer algum consolo...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Recomendo

Por Lázaro Luis Lucas

Em tempos de Leila Lopes, vale a pena conhecer JCVD, uma produção franco-belga produzida e estrelada pelo ator Jean-Claude Van Damme. Há um monólogo durante o filme - é quase um pedido de desculpas do astro aos seus fãs espalhados por todo o mundo - que, mesmo despropositado, irá emocionar todos aqueles que seguiram a carreira cinematográfica deste lutador.

Uma dica: se você aprecia áudio original com legendas, selecione o áudio em francês (2.0 ou 5.1), já que o dvd lançado no Brasil vem com as opções de dublagens em inglês e português. No original, são muito poucos os diálogos em inglês (preservados no áudio em francês).

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vitrola Natalina

Quanto mais velho fico, mais me parecem despropositadas datas como dia das crianças, dos pais e, sobretudo, o Natal.

Talvez por não possuir nenhuma crença religiosa, o que vejo na data é apenas uma histeria generalizada que faz as pessoas correr para shoppings abarrotados, enfrentar preços altos, filas e estacionamentos lotados. Definitivamente, estou fora!

Além do mais, o que percebo nas pessoas, de uma maneira geral, é que o tal espírito natalino se diluiu a ponto de ter perdido todo seu sentido original. Até mesmo aquelas insuportáveis canções que enchiam o saco todo final de ano se tornaram cada vez mais raras. Melhor assim. Afinal, ninguém podia mais aguentar John Lennon desejando paz e amor para toda a humanidade em Happy Xmas (War Is Over), repetida infalivelmente nas tevês nacionais, com tradução simultânea e tudo.

Muito pior que isso, foi nossa chatérrima Simone e seu inacreditável disco de natal. A cantora, com seu indefectível sotaque soteropolitano, assassinou não só o clássico do Lennon (que ganhou uma letra em português para lá de ridícula), como perpetrou outros crimes contra o bom velhinho e sua gang de duendes e renas. Um atentado contra a imaginação e o sonho de milhares de crianças Brasil afora, sem dúvida.

Agora, para quem gosta de canções natalinas e não abre mão da qualidade musical, vale à pena ir atrás do histórico disco de 1963, A Christmas Gift For You, produzido por Phil Spector, um dos maiores e mais criativos produtores musicais de todos os tempos. Clássicos temas de final de ano com os luxuosos arranjos tramados por Spector e belissimamente interpretados por gente como Darlene Love, The Ronettes e The Crystals.

É diversão garantida mesmo para quem não dá a mínima para o 25 de dezembro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Camisinha de Música

Como o dia 1º de dezembro é o Dia Mundial da Luta Contra a AIDS (ou SIDA, como seria mais apropriado dizer em português), relembro aqui no Vitrola o primeiro disco da Organização Red Hot, que se utiliza da música para conscientizar as pessoas da importância do sexo seguro como medida fundamental de proteção contra o vírus HIV.

Lançado em 1990, quando a AIDS ainda era vista como um problema exclusivo da população homossexual masculina e dos usuários de drogas injetáveis, o álbum duplo reuniu a nata da música pop de então, em covers exclusivos das canções do compositor norte-americano Cole Porter.

Homossexual numa época em que ninguém ousava assumir-se, Porter escreveu algumas das mais importantes canções do cancioneiro ocidental, tendo sido regravado por incontáveis artistas no mundo inteiro.

Havia, portanto, material de qualidade em abundância para ser escolhido pelos artistas do projeto. Alguns subverteram completamente a musicalidade original das canções de Porter, adaptando-a ao seu próprio estilo.

Caso de Neneh Cherry, que abre o disco com uma versão irreconhecível de I’ve Got You Under My Skin, dançante e contemporânea. Na mesma linha, Iggy Pop e Deborah Harry fazem de Well, Did You Evah, um rock perfeito para suas vozes.

David Byrne, mergulhado em ritmos latinos, faz um som meio Olodum em Don’t Fence Me In, para mim uma das melhores do disco.

Mais tradicionalista, Sinéad O’Connor posa de diva em You Do Something To Me, enquanto Annie Lennox, sóbria e elegante, emociona com sua lindíssima interpretação de Every Time We Say Goodbye.

Em resumo: se o disco ajudou ou não a conscientizar o povo, é um mistério, mas, como introdução ao rico universo de um dos maiores compositores de todos os tempos, é imperdível!

Aids