quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Três Dicas

Acabei de ler Galiléia, do escritor cearense Ronaldo Correia de Brito. Para quem quer ler literatura brasileira contemporânea, com uma cara de possível clássico, o livro é uma beleza.

Com traços da melhor literatura regionalista, Ronaldo cria um romance em que cidade e sertão se encontram num choque de dimensões dramáticas intensas, mas que nunca atingem o trágico.

A história se concentra na viagem de três primos à fazenda onde passaram sua infância, a Galiléia do título, uma propriedade decadente do interior do Ceará, na qual o avô dos protagonistas está agonizando lentamente. Passado e presente se fundem para compor o retrato de uma família marcada por inveja, rancor e até mesmo ódio.
Outra dica é o filme As Troianas, do cineasta grego Michael Cacoyannis, com Vanessa Redgrave e Katharine Hepburn, em atuações magníficas, daquelas que se vê e nunca se esquece.
Baseado numa tragédia grega clássica, o filme é teatro filmado de altíssima qualidade, que não omite sua origem cênica, mas também não se furta de compor belas imagens, de grande qualidade plástica. Arrepiante a cena em que Hécuba (Hepburn) recebe o neto morto nos braços. Cinema assim não se faz mais...
Finalmente, gostaria de recomendar o novo cd do Depeche Mode, Sounds Of The Universe. Quando a gente pensa que essas bandas de quase 30 anos de atividade já não têm mais nada a oferecer, elas aparecem com um disco forte, belo e digno. 13 faixas que se perfilam junto ao melhor que o grupo já fez. Grande Depeche!

Baixar ou Não Baixar?

A pirataria parece realmente ter se tornado um fato corriqueiro em nossas vidas. Ninguém se pergunta mais se está contribuindo para o fomento de uma atividade criminosa ou se está passando por cima dos direitos autorais de milhares de criadores mundo afora.

Comprar um DVD de um filme que sequer chegou aos cinemas ou baixar um álbum completinho na internet não são motivos de preocupação para ninguém.

Mas, no meio desta enorme festa de livre circulação de obras artísticas, eu me pergunto: Quem vai pagar a conta?

Há, primeiramente, uma questão que me parece genial neste admirável mundo novo. A arte, que historicamente tem sido um privilégio para o deleite das elites, circula livremente e está aí para quem quiser.

Não é preciso ter grana para importar o cd daquela banda que nunca sai por aqui. Ou pagar uma fortuna para levar toda a família ao cinema (a matemática não deixa dúvida: um casal com, digamos, dois filhos, gastaria uma média de 70 reais para assistir, por exemplo, A Era do Gelo 3. Isso sem falar nas pipocas e refrigerantes que custam os olhos da cara em qualquer bomboniere... Por outro lado, o mesmo filme, em versão pirata, sai a módicos 5 reais nas calçadas de nossas cidades. Não tem assalariado que pense duas vezes!).

Cobrar das pessoas consciência quanto à usurpação dos direitos autorais alheios é, no mínimo, ingênuo. Na selva em que todos vivemos hoje, cada um está apenas defendendo o seu lado.

Quem vai se preocupar se a Ivete Sangalo está com as contas em dia? A Sangalo que morra! Além do mais, todo mundo sabe que artista vive é de show. Vendagem de discos mantém – ou mantinha - bem poucos no Brasil.

Lá fora, a coisa é diferente, porque, afinal, eles sempre tiveram um mercado fonográfico bem estruturado, forte e profissional. Um grupo como os Beatles, por exemplo, pôde se dar ao luxo de parar de fazer shows e se concentrar somente na gravação de suas grandes obras. Outros tempos, sem dúvida...

O que me leva à questão da conta. Se a indústria esperneia, processa e corre atrás do prejuízo sem muitos resultados práticos, os artistas, por sua vez, parecem completamente perdidos no meio do tiroteio.

Há uma geração inteira de garotos e garotas que não sabem o que é ir a uma loja para comprar um disco. Quem é mais esperto e antenado, aprendeu a falar com essa turma diretamente na internet. Há aqueles, inclusive, que passaram a entregar suas músicas sem cobrar um tostão. Se tais carreiras frutificarão é um mistério que só o tempo desvendará.

Eu, como sou um quase quarentão e continuo adorando cada disquinho e cada discão que eu possuo, fico assim meio desconfiado de tudo isso.

O chato dessa história toda, é que colecionadores como eu vão ficando cada vez mais anacrônicos e nostálgicos. E eu não consigo deixar de lembrar como era gostoso sair andando de loja em loja, pesquisando preços, checando novidades, namorando raridades, amando a música mais que qualquer outra coisa...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Não Há Boda em "Muriel" de Alain Resnais

Por Lázaro Luis Lucas

Terceiro longa-metragem do cineasta francês, Muriel (ou O Tempo de Um Regresso), de 1963, é sua obra mais acessível da primeira fase de sua carreira. Diretor de Hiroshima Meu Amor (1959) e Ano Passado em Marienbad (1961), Alain Resnais é para público bem específico.

Tido por críticos de cinema como um autor de filmes, suas obras estão intimamente ligadas à literatura. Alain Resnais preferia ver seus filmes roteirizados por escritores a roteiristas resultando, quase sempre, em obras difíceis para o público mediano de cinema, como eu, por exemplo.

Em Muriel, roteirizado pelo escritor Jean Cayrol, Resnais desenvolve seu filme a partir dos personagens Hélene (Delphine Seyrig), Alphonse (Jean-Pierre Kérien), Bernard (Jean-Baptiste Thierrée) e Françoise (Nita Klein). A cidade de Boulogne surge como um quinto personagem. Há, ainda, o "fantasma" da personagem Muriel, pronto a tomar de assalto a vida de todos eles.

Aqui, os personagens parecem próximos demais da loucura. Vivendo no limite, estão a todo tempo fugindo de algo ou de alguém, tentando em vão esconder uns dos outros seus medos, suas inseguranças e seus vícios. São personagens solitários em meio a todo o burburinho de uma cidade.

A trilha sonora, propositadamente deslocada e a edição apressada, privilegiando apenas os diálogos, reforçam ainda mais o clima de abandono. Parece a Nouvelle Vague. Felizmente, não é. Trata-se apenas um trabalho único de um autor de cinema e excelente diretor de atores.

Compõem, ainda, a filmografia básica de Alain Resnais os filmes Meu Tio na América (1980), A Vida é Um Romance (1983), Smoking/No Smoking (1993) e Medos Privados em Lugares Públicos (2006).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tempo e Memória

O canal de TV paga, VH1, estreou no último sábado, dia 26, uma série intitulada As Canções que Mudaram o Mundo.

Composto por dez programas, a série tem a ambição de resumir o espírito de várias épocas por meio de canções emblemáticas como Smells Like Teen Spirit do Nirvana, Heartbreak Hotel, de Elvis Presley e I Wanna Hold Your Hand, dos Beatles. Tarefa das mais difíceis.

Apesar de saber do impacto de determinadas músicas na história da cultura ocidental, acho que, no fundo, o que importa para cada um de nós são as músicas que mudaram nossas próprias vidas. Essas eu carrego na minha memória como um baú de jóias preciosas e escutá-las sempre me transporta para momentos marcantes e inesquecíveis da minha existência.

Por exemplo: I Wanna Hold Your Hand pode ser um marco na carreira dos Beatles, a música que os tornou conhecidos nos Estados Unidos – na Inglaterra eles já eram um fenômeno – e, por extensão, no resto do mundo. Mas, para mim, nenhuma canção dos Fab Four foi tão significativa quanto Eleonor Rigby, uma delicada obra sobre solidão, desesperança e velhice, belamente adornada por instrumentos orquestrais. Justamente por tratar de temas tão atemporais, Eleonor Rigby permanece atual e certamente ainda muito influente.

Ao lado de Yellow Brick Road (Elton John), que talvez tenha sido a primeira música que eu escutei repetidas vezes, tentando decorar uma letra num idioma do qual eu não conhecia patavina, de Bohemian Rhapsody (Queen), que me apontou as possibilidades ilimitadas de criação artística, de I Love It Loud (Kiss), que me abriu a cabeça para um lado de fantasia e diversão muito importantes para a música, de Será (Legião Urbana), que me mostrou que Brasília podia fazer rock e que esse rock podia ser muito bom e, finalmente, de Karma Police (Radiohead), que entrou na minha vida devagarzinho, até me dominar por completo, Eleonor Rigby forma um conjunto precioso de grandes referências musicais e eternas fontes de alegria e prazer.
A seguir, uma pequena lista de canções que, volta e meia, eu tenho que escutar para não perder o rumo:

1 Ask. The Smiths
2 One. U2
3
Like a Hurrycane. Neil Young
4 Atmosphere. Joy Division
5The One I Love. R.E.M.
6
Free Money. Pati Smith
7 Love Song. The Cure
8Life On Mars. David Bowie
9Sheena Is A Punk Rocker. The Ramones
10Bizarre Love Triangle. New Order
Servico:
As Canções Que Mudaram o Mundo
CANAL VH1 (NET, canal 89. SKY, canal 84). Todos os sábados, às 23 horas.

domingo, 27 de setembro de 2009

Essenciais!

Por Lázaro Luis Lucas

Todos nós, fãs de cinema, temos nossos preferidos. Principalmente, diretores. São eles que, quando devidamente autorizados, dão aquele toque pessoal a um filme. E, principalmente, quando bem acompanhados.

Atores e atrizes, técnicos em fotografia e edição, compositores e produtores musicais, roteiristas e toda uma gama de profissionais qualificados. Todos, sob o comando de um diretor talentoso e hábil, redem excelentes filmes.

São tantos bons profissionais que houve uma época em que achava superestimada a importância do diretor em um set de filmagem. Mas o tempo tem me mostrado o quanto estava errado.

Definitivamente um bom diretor é essencial para o resultado final. E diante do talento inegável de alguns desses homens e mulheres, até o nome muda para identificá-los. De diretores de cinema passam a ser reconhecidos por cineastas.

E são cinco desses magníficos cineastas que eu gostaria de recomendar aqui no Vitrola Encantada.

Alfred Hitchcock (1899-1980), Federico Fellini (1920-1993), Ingmar Bergman (1918-2007), Luis Buñuel (1900-1983) e Robert Altman (1925-2006), juntos, dirigiram centenas de obras cinematográficas imortais, dessas que durarão o tempo em que a espécie humana durar aqui na Terra.

Seus filmes, salvo raríssimas exceções, permanecem atuais de uma maneira tão impressionante que nem mesmo todo o avanço tecnológico e toda liberdade artística dos tempos atuais jamais conseguirão reproduzir, menos ainda superar, alguns dos momentos mais marcantes dirigidos por esses senhores.

Com Hitchcock a arte mostrou-se financeiramente viável, com Fellini viver tornou-se uma festa, por vezes indigesta, mas, ainda assim, uma festa. Bergman filmou como poucos o indivíduo e suas particularidades mais íntimas. Buñuel nos trouxe a crueza do mundo real e a dos sonhos para as telas. E Altman, por fim, radiografou de maneira ácida, e também apaixonada, a sociedade americana dos anos 60 e pós.

Por fim, uma característica comum em seus filmes, e também o que os torna tão brilhantes, é a capacidade deles em dialogar com um número cada vez maior de espectadores.

Assistir a um Fellini, a um Hitchcock, é um enorme prazer para a mente e para o coração.

Cineastas que apostavam, essencialmente, na inteligência emocional do seu público, estes cinco grandes diretores de cinema merecem todo nosso carinho e atenção. Hoje e sempre.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Prazeres Secretos

Existem alguns discos que são como um segredo pessoal, daqueles que você mantém para si mesmo, guardadinho para um dia chuvoso. Nos momentos de nostalgia, tristeza ou simplesmente indolência, você corre para eles e, magicamente, se sente reconfortado e feliz.

Um desses tesouros na minha vida é o primeiro disco da banda inglesa The House Of Love, lançado em 1988 e que eu só viria a descobrir em 1990, numa viagem ao Rio de Janeiro.

Comprei o cassete num daqueles camelôs que, muitos anos atrás, vendiam fitinhas piratas pelas calçadas. Acho que, na época, quase destruí a fita de tanto ouvir.

Não sei explicar com exatidão o que me apaixonou tão imediatamente. Eles, de fato, não apresentavam nada de novo. O som era meio Velvet Underground via The Jesus And Mary Chain, ou seja, muita guitarra, microfonia, vocais sonolentos e letras depressivas. Mas era tudo tocado com uma sinceridade e uma delicadeza raras.

Canções como Christine, Man to Child e Salome viraram verdadeiros hinos de final de adolescência, para mim.

Muito bem. O tal pirata perdeu-se em uma das minhas muitas mudanças e eu fiquei na saudade.

Em todas as viagens que eu fazia, The House Of Love constava nas minhas listas de cd’s a procurar, mas, misteriosamente, nunca esbarrei com o disco.

Recentemente encontrei o cd na London Calling, loja de discos importados de São Paulo, a exorbitantes 80 (!!!!!!) reais. No sítio da Amazon, o álbum só é disponibilizado em versão importada. Ou seja, é muito difícil adquirir essa preciosidade.

Qual não foi minha surpresa, portanto, quando achei um vinil em ótimo estado em minha última viagem a Sampa.

Motivado pelo feliz achado, comecei a fuçar na internet e descobri num desses blogs que disponibilizam álbuns, o disco inteirinho, perfeitinho, uma belezura.

The House Of Love voltou triunfante a minha vida. Se bem que, agora, ele não é mais um daqueles segredos íntimos que eu mencionei lá no início do texto...

domingo, 20 de setembro de 2009

Baladas de Loucos

No final do documentário Loki, de Paulo Henrique Fontenelle, o guitarrista Sérgio Dias questiona os limites entre sanidade e loucura e pergunta: "Quem é o louco, o Van Gogh ou nós?" Obviamente que, quando fala do grande pintor holandês, está, na verdade, se referindo a seu irmão e parceiro musical, Arnaldo Baptista, tema principal do longa de Fontenelle.

Gênio incompreendido, pioneiro musical, compositor ousado e a frente do seu tempo, Arnaldo é uma lenda viva não só do rock nacional mas também de toda a história do rock mundial. Que sua obra seja mais reconhecida e admirada lá fora do que aqui é sintoma da nossa eterna falta de visão e sensibilidade.

Muito mais que gênio musical, Arnaldo foi, entre nós, a personificação do artista como ser iluminado e, como tal, condenado a visões partilhadas por bem poucos. A loucura e a alienação mental são, para pessoas como ele, fantasmas que sempre estão a espreitar por trás da porta.

A associação entre loucura e arte é tão longa quanto a própria história da arte. Imagino que mesmo quando os artistas eram seres anônimos e sem reconhecimento, quantos não devem ter enlouquecido em meio a vitrais góticos que filtravam magicamente a luz exterior e criavam, em igrejas monumentais, imagens assombrosas.

O espaço que separa criação e desvario é bem curto. Cruzá-lo revela-se, no mais das vezes, fatal.

Miguel de Cervantes, em seu monumental Don Quixote, cria um protagonista que, de tanto ler novelas de cavalaria, sai pelo mundo combatendo monstros imaginários e salvando donzelas nem tão donzelas assim. Talvez seja o primeiro relato do poder mitificador das artes e também um retrato entre o cômico e o trágico de alguém que transforma a vida em arte e, neste processo, se afunda na loucura completa.

Artista loucos e loucos artistas existiram e existem aos montes.

Aqui no Brasil, o sergipano Arthur Bispo do Rosário quebrou as tênues fronteiras do artístico e do puramente lunático, com uma obra que até hoje desperta o interesse a fascinação de público e crítica. Tendo passado por várias instituições psiquiátricas, Bispo do Rosário deixou uma obra inclassificável, na qual o lixo, a sucata e tudo rejeitado por nossa sociedade se incorporam em painéis de uma plasticidade única.

Na mesma instituição que abrigou o hoje reconhecido artista plástico, o escritor Lima Barreto amargou o inferno de uma vida marcada pelo alcoolismo, a depressão e o preconceito. Autor do brilhante Triste Fim de Policarpo Quaresma, Barreto morreu aos 41 anos, um tanto ridicularizado por suas ideias nacionalistas e sem ver sua obra literária devidamente valorizada.

No terreno da música, a grande associação entre criatividade artística, marginalidade e drogas foi responsável pelo afundamento de muitas mentes excepcionais.

Não consigo deixar de pensar em Syd Barrett, o fundador do Pink Floyd e um dos talentos mais intensos surgidos na época da psicodelia britânica. Após gravar junto ao Floyd o mágico The Piper At The Gates Of Dawn, Barrett entrou numa viagem sem volta e mergulhou, enfim, num mundo próprio e num isolamento melancólico até o fim de sua vida, em julho de 2006. Deixou, ao menos, um álbum solo imprescindível, o magnífico The Madcap Laughs.

Caso similar, encontra-se em Brian Wilson, o arquiteto por trás da edifício sonoro dos Beach Boys. Autor de incontáveis clássicos do rock americano, Wilson comecou a pirar na final da década de 60, movido por muita droga, traumas familiares e crises de pânico. Sua obra abortada Smile, de tão ousado e revolucionário,viraria um disco perdido que só veria a luz do dia em 2004, confirmando seu imortal talento e sua grande visão artística.

É ao lado destes "doidos de pedra" que o doce e iluminado Arnaldo Baptista orgulhosamente se posta. Sua obra permance, nestes tempos de mediocridade e marasmo criativo, um farol em meio à neblina.

A quem tiver juízo - ou não - cabe redescobri-la.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Meus Discos Preferidos: Cantoras

1- TapestryCarole King (1971)
Um disco importantíssimo, não só por consolidar a carreira da cantora, compositora e pianista Carole King, mas também por reafirmar a posição das mulheres como peças importantes no jogo da música. Autoral e, ao mesmo tempo, muito acessível, Tapestry é a consagração de uma artista completa.

2- Pearl Janis Joplin (1971)
Ainda que Janis não tenha conseguido completar este disco, ele revelou-se um canto de cisne mais que honroso. Em total domínio de suas avantajadas capacidades vocais, Joplin arrasa em faixas clássicas da dor-de-cotovelo como Cry Baby e A Woman Left Alone.

3- Lady SoulAretha Franklin (1968)
Numa recente enquete da revista americana Rolling Stone, Aretha foi eleita a melhor vocalista surgida nos últimos cinqüenta anos, superando nomes como Ray Charles, Elvis Presley e Marvin Gaye. Não há aí nenhuma injustiça. Quem já escutou maravilhas como Ain’t No Way, Chain Of Fools, A Natural Woman (de autoria da primeirona na lista), todas presentes neste disco fantástico, sabe que Aretha tem voz, alma, coração e mente prontos para emocionar e impressionar.

4- Dusty In Memphis Dusty Springfield (1969)
Esta incrível cantora inglesa tinha uma paixão confessa pela música soul americana e pôde extravasar esse amor neste belo trabalho do final da década de 60. Como o próprio nome diz, tudo foi gravado em Memphis, com músicos americanos e uma luxuosa produção. Infelizmente o disco não teve o sucesso esperado e Dusty teve que esperar a inclusão de uma das faixas num filme de Quentin Tarantino para que sua obra-prima fosse redescoberta. Antes tarde do que nunca!

5- Back To BlackAmy Winehouse (2006)
Outro caso de amor explícito entre uma cantora branca e a melhor música negra americana, Back To Black é uma perfeita mistura de soul, funk e pop sessentista embalados em uma roupagem moderna e pela voz sedutora de Winehouse. Uma pena que sua vida atribulada tenha se tornado maior que sua arte.

6- Dream Of Life Patti Smith (1988)
O trabalho mais doméstico, calmo e simples desta cantora que influenciou 10 entre 10 roqueiras surgidas do final da década de 70 para cá. Embora não seja uma obra-prima como Horses, este trabalho de 88 flagra Smith em paz com a vida, com o casamento e a maternidade.

7- Parallel Lines Blondie (1978)
Outra cantora super-influente, Debbie Harry juntou num mesmo pacote sensualidade, honestidade e uma grande sensibilidade pop. Ela era capaz de, num mesmo disco, cantar com agressividade uma canção punk como One Way or Another e, em seguida, languidamente, entoar uma música feita para as pistas de dança (Heart Of Glass, grande sucesso no mundo inteiro, inclusive por aqui).

8- Cor de Rosa e Carvão Marisa Monte (1994)
Este disco provou que Marisa não era apenas uma cantora eclética (leia-se, sem personalidade), de belo timbre. Boa compositora e, sobretudo, uma excelente garimpeira de clássicos meio esquecidos da nossa música (não se pode esquecer que muita gente começou a se interessar pelo grande Paulinho da Viola, depois que Marisa regravou pérolas como Para Ver as Meninas), ela construiu uma carreira coerente e de qualidade crescente.

9- Tinderbox Siouxsie & The Banshees (1986)
Musa de góticos, punks, darks e modernos, a maquiada Siouxsie sempre chamou mais atenção por seu visual meio egípcio, meio heroína de mangá do que por seus dotes vocais. Mas ela sempre cantou muito e este disco é uma prova cabal disso. Estão aqui os clássicos Cities In Dust e Candyman, que tocaram até cansar nas rádios de rock brasileiras dos anos 80.

10- Van Lear Rose Loretta Lynn (2004)
Sempre tive uma grande dificuldade com música country, mas, nos últimos dez anos, cantoras como Lucinda Williams e Loretta Lynn vêm desconstruindo este preconceito. Embora algumas pessoas possam alegar que este disco é muito bom por ter sido produzido e tocado por Jack White, dos White Stripes, a grande verdade é que quem brilha são as composições e a voz deliciosamente caipira de Lynn. E o dueto com Jack em Portland, Oregon é excelente, uma quebra das fronteiras entre rock e country.

Prevalência

Não hesito em afirmar que
o mal sempre prevalece sobre o bem,
a dor sobre o gozo,
o sofrimento sobre o prazer,
a morte sobre a vida.
Norberto Bobbio

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Wong Kar-Wai - Um Artesão

Por Lázaro Luis Lucas

Também conhecido por Kar-Wai Wong, este cineasta chinês, nascido no ano de 1956, é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores diretores de cinema em atividade.

Possuidor de um estilo único para filmar suas histórias, seu cinema pode parecer, por vezes, estiloso demais. E não deixa de ser.

Perfeccionista ao extremo, de acordo com a imprensa internacional, seus trabalhos vão do mais puro melodrama policial de Conflito Mortal (1988), ao drama romântico intimista de Amor à Flor da Pele (2000), passando pelo virtuosismo estético de Amores Expressos (1994) e Anjos Caídos (1995), suas obras mais cultuados no Brasil. E sempre muito bem sucedidos.

É também do ano de 1994, o filme que considero sua obra-prima: Cinzas do Passado. Brilhantemente bem dirigido, o filme pode ser encontrado por aqui em versão redux, lançado pelos produtores em 2008.

Com atores que são habituais em suas obras, como Leslie Cheung, Tony Leung Ka Fai, Tony Leung Chiu Wai e Maggie Cheung, o filme é narrado em off por mais de um personagem e divide-se em quatro histórias, uma para cada estação do calendário chinês: Jingzhe, Xiazhi, Bailu e Lichum.

Há, ainda, a fantástica música de Frankie Chan e Roel A. Garcia, com a belíssima fotografia assinada por Christopher Doyle.

Para a versão redux de 2008, os produtores contaram com o cinematógrafo Kwan Pun Leung, responsável pela segunda unidade em 1994. Um filme imperdível, com certeza.

Abaixo, parte da filmografia de Wong Kar-Wai apresentada aos brasileiros:

Conflito Mortal. 1988. Disponível em DVD
Dias Selvagens. 1990. Disponível em DVD
Amores Expressos. 1994.
Anjos Caídos. 1995.
Felizes Juntos. 1997. Disponível em DVD
Amor à Flor da Pele. 2000. Disponível em DVD
Eros. 2004. Disponível em DVD
2046 - Os Segredos do Amor. 2004.
Um Beijo Roubado. 2007. Disponível em DVD

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Entre Versos

Ela e Eu, de Caetano Veloso, é, na minha opinião, uma das mais belas letras da nossa música popular.

Sobre a interpretação de Maria Bethania não é preciso falar nada. Seria chover no molhado.

Além do mais, o que se pode acrescentar à perfeição? Emudeço, simplesmente, diante de tamanha beleza em canto e verso...
Ela e Eu
Composição: Caetano Veloso
Há flores de cores concentradas
Ondas queimam rochas com seu sal
Vibrações do sol no pó da estrada
Muita coisa, quase nada
Cataclismas, carnaval
Há muitos planetas habitados
E o vazio da imensidão do céu
Bem e mal e boca e mel
E essa voz que Deus me deu
Mas nada é igual a ela e eu
Lágrimas encharcam minha cara
Vivo a força rara desta dor
Clara como o sol que tudo ama
Como a própria perfeição da rima para amor
Outro homem poderá banhar-se
Na luz que com essa mulher cresceu
Muito morto que nasce
Muito tempo que morreu
Mas nada é igual a ela e eu

domingo, 13 de setembro de 2009

O Desconcerto Como Entretenimento

Por Lázaro Luis Lucas

A violência sempre esteve presente no cinema. Em filmes de ação, de aventura, de terror. Em qualquer gênero, na verdade. E, de acordo com os interesses de cada um, já foi retratada nos filmes das mais variadas formas. Estilizada ou gratuita, são inúmeros os títulos. E, considerando os atuais recursos tecnológicos, chocar o público parece não ser mais uma tarefa muito árdua. Ocorre que, como em todo processo, há os efeitos colaterais.

E hoje, o que mais temos assistido é a completa banalização da violência, através de filmes como O Albergue (Eli Roth, 2005) e Jogos Mortais (James Wan, 2004) que, de tão bem sucedido, tornou-se uma franquia interminável.

Honestamente, banal por banal, prefiro a violência escapista da franquia Sexta-Feira 13 e de filmes absurdos como O Último Trem (Ryuhei Kitamura, 2008). Não há neles nenhuma intenção de serem levados a sério. É, realmente, só entretenimento.

Mas não são desses filmes violentos que estou "falando". Desde que assisti pela primeira vez a O Massacre da Serra-Elétrica, de Tobe Hooper, produzido em 1974, entendi que a violência, sim, deve ser mostrada nos filmes - ainda que em produções semi-amadoras - da forma mais desagradável possível. Pelo menos, se pretedem ser levados a sério. Até porque, e podem perguntar a qualquer pessoa que já tenha sofrido qualquer tipo de violência, não há nada de agradável, ou mesmo artística, nela.

É óbvio, e é preciso que se ponha aqui, que mostrar ou não cenas assim em um filme é uma escolha de seus realizadores. Não se precisa jogar na cara do público cenas de tortura para se saber o quanto é desumano o ato. Mas se a escolha for mostrar, que se revele à audiência toda sua insensatez.

Obras como Salò ou Os 120 Dias de Sodoma (Pier Paolo Pasolini, 1975), Dançando no Escuro (Lars von Trier, 2000) e Réquiem Para Um Sonho (Darren Aronofsky, 2000) não pouparam ninguém. Público e crítica - tão avessa, em geral, a obras muito gráficas - assistiram a tudo em silêncio.

Mas e quanto àquelas obras, que de tão radicais nas suas propostas, encontram até mesmo dificuldades em ser classificadas? São delas, efetivamente, que quero tecer breve comentário.

Percebe-se que as distribuidoras quando em posse de material muito explícito - em particular nas cenas de violência -, de difícil digestão, veem-se condicionadas a classificar, quase que imediatamente, o filme como de terror. Aparentemente, os fãs do gênero são mais tolerantes aos excessos que os demais.

E assim, por razões meramente estésticas, dramas como Wolf Creek - Viagem ao Inferno (Greg Mclean, 2005) e Os Estranhos (Bryan Bertino, 2008) são "vendidos" apenas aos apreciadores de obras como A Morte Pede Carona (Robert Harmon, 1986) e P2 - Sem Saída (Franck Khalfoun, 2007).

Obras extremas como Aviso de Tempestade (Jamie Blanks, 2007) e Raça Selvagem (Jody Dwyer, 2008), então, tornam-se malditas, alvos de repúdio do grande público. E a mais pura verdade é que são filmes bons, alguns deles muito bons. No entanto, demais para uma parcela generosa dos cinéfilos.

Acredito que o público médio é capaz de acompanhar nas telas de cinema a reconstituição do massacre de toda uma nação, desde que o sangue lhe seja cuspido na cara em doses homeopáticas. Não importa o quanto o resultado final seja satisfatório, quaisquer excessos, para eles, são imperdoáveis.

Para finalizar, o mercado de home video no Brasil possui alguns outros bons títulos desse cinema, mas se quiser experimentar apenas um, recomendo a produção inglesa Sem Saída (James Watkins, 2008). Desconcertante.

sábado, 12 de setembro de 2009

A Felicidade

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Fita K7 Perfeita

Dia 11 de setembro não é apenas o aniversário da queda das Torres Gêmeas em NYC. Muita gente legal nasceu neste dia, incluindo este que vos escreve (quase sucumbi ao clichê das "mal-traçadas linhas").

Falo disso porque quando eu era garoto costumava presentear a mim e a meus amigos com as inesquecíveis mix tapes, fitas de áudio virgem, nas quais fazíamos uma seleção das melhores músicas de cada disco.

Daí era só colocar no gravador, apertar o play e deixar a turma se impressionar com o seu bom gosto musical. Ou não. Algumas seleções ficavam um horror, aquelas onde Madonna é seguida de Gilliard e daí por diante.

Hoje o "povo muderno" faz playlists que podem ser gravadas em formato de MP3, o que pode condensar numa única mídia, digamos, umas 6 fitinhas cassete fácil, fácil.

Mas quem tem mais de 30, deve se lembrar do verdadeiro artesanato que era montar uma K7 perfeita.

Primeiro o drama da sincronização do disco com o gravador. Se a tecla rec era apertada muito antes, a música vinha precedida daquele chiado característico do vinil. Péssimo. Se depois do início da música, esta já começava amputada. Pior ainda. Era necessário muita prática e precisão para que cada música fosse sucedida por outra sem maiores pausas. Uma arte para poucos.

Depois tinha o problema da duração de cada lado da fita. Normalmente elas vinham com 30 e 30 minutos. Havia umas fitas de 45/45, mas essas enrolavam no gravador e causavam danos irreparáveis a nossa boa-vontade. Conseguir chegar ao número de músicas que preenchesse perfeitamente os trinta minutos de cada lado era uma suadeira.

Last but no least, vinha a própria disposição das músicas: qual fica melhor em tal lugar? Depois daquele clássico inesquecível que música deve entrar e assim por diante.

Gravei milhares dessas coisinhas deliciosas e quase todo mundo que me conhece já ganhou uma de presente. Se foram direito para a lata do lixo, sem escala nos gravadores, é um mistério que eu jamais saberei solucionar. Melhor viver na ignorância.

O que importava mesmo era o ato de fazê-las, criar uma capinha para cada, viajar na maoinese sem piedade.

Então vou fingir que não existe ipod, nem download, nem playlist e vou me transportar a um tempo em que o máximo era ter um walkman Sony e uma super discoteca em casa:

Mix Tape "Pessoas brilhantes e felizes"

Lado A:
1- Shining Happy People - R.E.M.
2- Wake me Up Before You Go Go - Wham
3
- Karma Chameleon - Culture Club
4
- Let's Dance - David Bowie
5- Girls Just Wanna Have Fun - Cyndi Lauper
6- Material Girl - Madonna
7- Just Can't Get Enough - Depeche Mode
8- Don't Go - Yazoo

Lado B:
1- Você Não Soube Me Amar - Blitz
2
- Perdidos Na Selva - Gang 90 e as Absurdetes
3- Beat Acelerado - Metrô
4
- Ursinho Blau Blau - Absynto
5
- Pintura Íntima - Kid Abelha
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- Vamos Abrir a Roda - Sara Jane
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- Ilariê - Xuxa
8- Cinema Mudo - Paralamas do Sucesso

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

TV e Cinema

Por Lázaro Luis Lucas

Nasci no mês de setembro do ano de 1970. E, para mim, antes de existir salas de projeção de filmes, havia o televisor na sala-de-estar.

De várias boas lembranças que tenho da minha infância, muitas estão associadas ao televisor Telefunken, que ocupava um espaço nobre na vida de toda a família.

Através dele assistimos ao último capítulo da novela Escrava Isaura, acompanhávamos o programa Boa Noite Brasil, com Flávio Cavalcanti, e víamos todo santo domingo o futebol, às 17h; Os Trapalhões, às 19h; e o Fantástico - o show da vida, às 20h. Pois bem, estes, basicamente, eram os programas que a família assistia reunida.

Para mim, óbvio, havia mais, muito mais. Além de acompanhar toda programação infantil, em particular o Globo Cor Especial, e séries como O Homem do Fundo do Mar, Mulher Maravilha, SWAT, O Homem de Seis Milhões de Dólares, O Túnel do Tempo, entre tantas outras, assistia a filmes, muitos filmes. Produções para a TV e cinema.

À época, na cidade de Araguari, no estado de Minas Gerais, só existiam duas emissoras. Uma retransmissora da Rede Bandeirantes de Televisão e outra da Globo. Admito que devorava filmes na mesma medida em que eles iam passando na telinha.

Dos programas desse período, sempre que possível, acompanhava a Sessão da Tarde, durante a semana e, principalmente nas férias, quando a Globo apresentava ciclos de filmes protagonizados por Elvis Presley, Jerry Lewis e o quarteto trapalhão comandado por Renato Aragão.

As comédias estreladas por Lewis, como Bancando a Ama-Seca (Frank Tashlin, 1958), O Mensageiro Trapalhão (Jerry Lewis, 1960), O Terror das Mulheres (Jerry Lewis, 1961), Errado Pra Cachorro (Frank Tashlin, 1963) e O Bagunceiro Arrumadinho (Frank Tashlin, 1964), estão armazenadas em minha memória bem próximas das aventuras românticas do rei do rock Ama-me Com Ternura (Robert D. Webb, 1956), Feitiço Havaiano (Norman Taurog, 1961), Garotas! Garotas! e Mais Garotas! (Norman Taurog, 1962), O Seresteiro de Acapulco (Richard Thorpe, 1963) e Amor a Toda Velocidade (George Sidney, 1964).

Havia, ainda, os filmes estrelados pela dupla Jerry Lewis e Dean Martin, O Rei do Circo (Joseph Pevney, 1954), O Meninão (Norman Taurog, 1955), "Artistas e Modelos (Frank Tashlin, 1955) e O Rei do Laço (Norman Taurog, 1956). E por Rock Hudson e Doris Day, Confidências à Meia-Noite (Michael Gordon, 1959), Volta Meu Amor(Delbert Mann, 1961) e Não Me Mandem Flores (Norman Jewison, 1964).

Como durante a semana o horário para dormir era sempre às 21h30, logo após a novela das oito, aos sábados eu abusava. Ainda na Globo, assistia em sequência à Primeira Exibição, Sessão de Gala e, quando o sono ainda não havia me dominado por completo, Coruja Colorida.

Outras sessões de cinema bem marcantes para mim foram o Cineclube, Campeões de Bilheteria, Classe A, Festival de Sucessos, Faixa-Preta, Supercine, Festival Nacional, Segunda Sem Lei, Sexta Mistério, Cine Trash, Cinema em Casa e Sessão das Dez.

Apesar da maioria dos filmes ter sido editada para a televisão e, ainda, exibida com cortes, a combinação de todos esses programas, durante toda a década de 80 e a primeira metade dos anos 90, foi essencial à formação de qualquer fã de cinema, em uma realidade em que não havia a TV por assinatura, o aparelho de DVD, o Blu-ray e a internet. Só possuíamos o bom e generoso videocassete.

Ter acesso a filmes como Doutor Jivago, ... E o Vento Levou, Lawrence da Árabia, A Casa da Noite Eterna, Armadilha Para Turistas, O Expresso do Horror, Houve Uma Vez Um Verão, Um Homem, Uma Mulher e Love Story - Uma História de Amor, só me foi possível porque a TV, um dia, fez um bonito papel divulgando o cinema. Hoje, porém, tudo não passa de história.

Abaixo, algumas pérolas assistidas por mim, pela primeira vez, na televisão:

1- Benji (Joe Camp, 1974)
Este simpático cãozinho me foi apresentado em Primeira Exibição. Desde então, me tornei fã de filmes com animais. A sequência, Pelo Amor de Benji (Joe Camp, 1977), foi exibida, salvo melhor juízo, na semana seguinte. A franquia rendeu, ainda, mais três longas.

2- Destino do Poseidon, O (Ronald Neame, 1972)
O mérito do filme, lá em casa, foi ter reunido quase toda a família diante da TV. O drama vivido por Shelley Winters naquelas águas geladas jamais foi esquecido por aqueles que o acompanharam. Apenas mais um filme-catástrofe conseguiu a proeza: Inferno na Torre.

3- Ensina-me a Viver (Hal Ashby, 1971)
Somente quando tive a oportunidade de rever o filme é que pude absorver toda sua beleza. Pois é, a infância tem destas coisas. Às vezes, não estamos maduros o suficiente para compreender tudo o que vemos.

4- O Homem-Cobra (Bernard L. Kowalski, 1973)
Saído diretamente da Sessão das Dez, em uma época em que o filme realmente começava às 22h, estamos aqui diante de um típico exemplar do cinema B que amo de todo coração. Recordo-me de quase ter chorado quando a heroína do filme reconhece o seu amado na figura daquela criatura meio-homem, meio-cobra. Dos mesmos produtores de Tubarão. Um clássico inegável do gênero.

5- Digby - O Maior Cão do Mundo (Joseph McGrath, 1973)
Nem sei o que dizer deste filme tantas vezes exibido na Sessão da Tarde. O que posso afirmar é que toda vez que a Rede Globo o exibia, eu o assistia.

6- The Land That Time Forgot (Kevin Connor, 1975)
Depois de tantos anos já nem me lembro mais do título em português deste filme. O mesmo vale para a sua continuação, The People That Time Forgot, de 1977. Mas que ninguém se engane, estes dois filmes mais Os Titãs Voltam à Luta na Atlântida, tornaram o nome Doug McClure tão essencial ao cinema de aventura quanto Harrison Ford. E não vá, você, dizer que não sabe quem é Doug McClure?

7- Grizzly - A Fera Assassina (William Girdler, 1976)
Assisti a este filme em uma Sessão de Gala e, por pelo menos duas semanas, não pensei em outra coisa. Hoje, provavelmente, não sobreviveria a uma segunda olhada. Mas o que importa a avaliação crítica do encanto de uma criança diante de seu primeiro filme de monstro?

8- Keoma (Enzo G. Castellari, 1976)
Sou suspeito para falar sobre o western spaghetti. Gosto muito do gênero e Keoma é um de seus melhores representantes. Da trilha sonora bem característica até o visual meio hippie de Franco Nero, tudo é harmonioso neste filme. Imperdível para os apreciadores.

9- O Carro - A Máquina do Diabo (Elliot Silverstein, 1977)
Um dos mais famosos filmes de suspense da época, este eficiente filme produzido para a TV, saiu-se tão bem junto ao público que acabou sendo exibido nos cinemas. O diretor é o mesmo de Um Homem Chamado Cavalo, de 1970.

10- Amante de Lady Chatterley, O (Just Jaeckin, 1981)
Com Sylvia Kristel no elenco, foi um dos primeiros dramas com doses generosas de erotismo "soft" assistidos por mim pela televisão. Acostumado à nudez, parcial ou total, feminina nas telas, admito ter ficado surpreso com a desenvoltura da câmera diante do corpo nu do ator Nicholas Clay. Para voyers de plantão.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Delicadeza É Vermelha

Estava assistindo, esta semana, uma entrevista com a cantora e compositora Vanessa da Mata, no programa Sem Censura, da TV Brasil.

Já há algum tempo que acompanho a carreira desta matogrossense de voz suave e visual exótico e bem brasileiro.

Vendo Vanessa falar - curiosamente, esta foi a primeira vez que a vi concedendo uma entrevista -, me veio a revelação do porque de minha admiração por ela: Vanessa é doce, simples e naturalmente bela.

Explico-me. A MPB vive um momento de um enorme congestionamento de vozes femininas em suas vias. Do samba revisitado de Roberta Sá e Teresa Cristina às modernas Ana Cañas e Céu, há uma cantora para cada dia da semana e para o humor do momento.

Todas essas jovens cantoras permanecem, no entanto, restritas a um selecto público. A grande massa ainda não as descobriu e, com a burrice generalizada de programadores de rádio e produtores de televisão, é muito provável que fiquem assim por um bom tempo.

Já no caso de Vanessa da Mata, ela parece ter descoberto o caminho para a música de consumo em massa sem sacrificar um milímetro de sua visão artística. E é aí que ela se mostra diferenciada e especial.

Sem os exageros cansativos de Ana Carolina ou o populismo arrasa-quarteirão de Ivete Sangalo, Vanessa só encontra paralelo em outra grande musa pop, Marisa Monte (alguém poderia mencionar também Maria Rita mas, para mim, ainda falta uma cara, uma persona artística definida para a filha do mito maior entre nossas cantoras).

É na inversão da regra de mercado que impõe a burrice no lugar da inteligência, a brutalidade no lugar da sensibilidade e a planificação no lugar da assinatura autoral, que Vanessa se insinua e vai conquistando os corações de quem busca boa música brasileira.

Isso tudo regado com água de chuva e decorado com flores bem vermelhas.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Coração das Trevas

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!


Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!


(...)

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!


Os versos acima são de autoria do poeta brasileiro Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852), um dos grandes representantes do ultra-romantismo em solo nacional.

O movimento, que revolucionou as letras e as artes no mundo inteiro, tinha um mórbido fascínio pela morte, uma atração pelo macabro e uma relação ambígua com o sexo e o amor – o primeiro visto como profanador da pureza e da inocência e o segundo idealizado em excesso.

Álvares, portador de tuberculose, morto precocemente aos 20 anos de idade, devido a complicações decorrentes de uma queda de cavalo, talvez tenha sido o poeta que eu mais li na minha adolescência.

Não é para menos: considerando-se a idade de sua morte, dá para concluir que escreveu boa parte de seus versos ainda adolescente. Seus poemas estão impregnados dos conflitos e tormentos que assolam nossos corações e mentes nesses difíceis anos de passagem. Além do mais, ele morreu muito jovem e descreveu exaustivamente os sofrimentos pelos quais passou. Nada pode ser mais romântico que isso.

Como se não bastasse, Azevedo é autor de uma das peças mais instigantes já escritas em português: Macário. É de sua autoria também o livro de contos Noite na Taverna, nos quais experimenta uma prosa de inspiração sobrenatural e tom soturno.

Mas, o que um poeta morto na primeira metade do século XIX tem a ver com um blog de música e cinema? Tudo, ora pois!

O fascínio pela morte e pelo lado sinistro da vida é um dos motores do rock. A depressão explicitada nos versos de poetas como Álvares, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu é uma das constantes na música popular do século XX.

A tristeza, por mais paradoxal e estranho que possa parecer, é um elemento fundamental em um estilo que, a princípio, celebrava a alegria e o prazer. E muitos roqueiros seguiram direitinho o preceito de viver intensamente e morrer jovem. Ou, como diria Lobão, melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez.

De cara, consigo pensar em pelo menos uma dúzia de álbuns nos quais a morte, a depressão e a angústia são personagens marcantes.

Já na década de 60, surgiria na Inglaterra um dos mais genuinamente tristonhos artistas que já existiram, o delicado e tímido Nick Drake. Seus três álbuns (Five Leaves Left, Bryter Layter e Pink Moon) são assombrados por um calmo desespero. Tragicamente, Drake morreria de uma overdose de anti-depressivos, sem conhecer o sucesso. O que não impediu que se tornasse um dos mais influentes artistas dos últimos tempos.

Nos anos 70, o cultuado Lou Reed, lançaria, em 1973, o álbum Berlin, um disco triste tanto em som quanto em texto. Aliás, Reed sempre foi um mestre em criar canções sinistras. Vide Perfect Day, Venus In Furs e Heroin.

Gêmeo artístico de Reed, Iggy Pop nos presentearia, em 1977, com o soturno The Idiot (título inspirado possivelmente pelo livro de mesmo nome do escritor russo Dostoievski, outro monstro do deprê nas letras), disco que, apesar da pop China Girl, não esconde sua atmosfera dark.

Um pouco mais para frente, no início da década de 80, o petardo Closer, do Joy Division, pode se orgulhar de ser uma das obras mais sombrias e claustrofóbicas de todos os tempos. E de ter gerado uma prole imensa de chorosos, suicidas e maníaco-depressivos.

Dentre esses filhos, encontram-se as obras-primas Disintegration do The Cure, Darklands, do Jesus And Mary Chain, Floodland, do Sisters Of Mercy, Lovely, do My Bloody Valentine, Your Funeral My Trial do classudo Nick Cave e o primeiro da banda House Of Love.

Mais recentemente não se pode esquecer da tristeza de final de milênio do Radiohead, no mais que perfeito OK Computer, da destruição existencial proposta pelo Nirvana no incompreendido In Útero, do mergulho nas trevas que é The Downward Spiral, do Nine Inch Nails, disco que gerou a magnífica Hurt, mais tarde regravada pelo homem das trevas original, Johnny Cash e, finalmente, da obra completa do músico Elliott Smith, uma espécie de Nick Drake moderno, igualmente talentoso e morto também de forma estúpida e precoce.

Confesso que não escuto mais essas coisas com o mesmo prazer masoquista de antigamente. Já sou quase um quarentão e ficar chorando sobre o vazio da existência me parece uma perda de tempo imperdoável.

Mas, para quem me conhece, fica a dica: quando eu morrer, quero que toquem Love Will Tear Us Apart, do Joy Division, no funeral.

Mais pessimista, impossível.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Brasil

Os 'donos' do Brasil se embalam portanto numa falsa segurança. Pois se há país sem dono, é este. Se há um país desenganado, envergonhado de si mesmo, vencido, faminto, nu, doente, analfabeto, irritado, é este.

Rachel de Queiroz, in 100 Crônicas Escolhidas.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Mundo


És um mundo em verdade, Oh Roma; mas sem o Amor
O mundo não era mundo, e Roma não era Roma.

Goethe, no poema Elegias Romanas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Banda do Sargento Pimenta Está de Volta!

No dia 9 de setembro, próxima quarta-feira, será relançada a discografia completa dos Beatles, digitalmente remasterizada. Isso, ao menos, lá fora. Como o Brasil sempre foi um país de beatlemaníacos incansáveis, espera-se que os discos saiam por aqui também.

Para dar água na boca de fanáticos e curiosos em geral, eu resolvi traduzir parte de um texto publicado no site da revista inglesa Uncut, no qual se adianta um pouco do frenesi que um tal evento deve causar.

Ah, perdoem uma ou outra licença poética da minha livre versão, certo? Valei-me Cultura Inglesa...

"A palavra-chave é clareza. Não altura. Clareza. As vozes e instrumentos estão claros como cristal, puros, humanos, naturais e despidos de décadas de detritos e poeira. É como se visitássemos uma galeria de arte onde um funcionário, de repente, retirasse as obras-primas e as limpasse com uma esponja, do topo à base.

Remasterizados por um pequeno time de engenheiros do estúdio Abbey Road, os CD's não foram supercomprimidos ou emparedados e nem chegam a parecer muito altos em volume.

Dois dos álbuns foram restaurados de forma quase miraculosa: The White Album e Abbey Road. O longo medley de Abbey Road é simplesmente uma tapeçaria musical de tirar o fôlego. Quando pega foga, sai de baixo. Quando precisa ser sutil, o faz de maneira acolhedora e brilhante.

Logicamente, pode-se argumentar que qualquer porcaria antiga ficaria uma maravilha nas mãos de profissionais e de equipamentos como os de Abbey Road (o estúdio). A questão é saber se tamanha clareza sonora será detectada em um aparelho convencional de cd ou num Ipod. Não só pode, como deve. Afinal, não se trata apenas de remoção de ruídos ou eliminação de picos, ou mesmo de fazer Magical Mystery Tour soar como Metallica (graças a Deus). Pense simplesmente numa limpeza para a música e para a mente.

Mudanças de textura, atmosfera, a relação das vozes com o microfone: tudo isso é evidente e inegável. O resultado é que cada álbum surge como um choque.
Eles não sofreram cirurgia plástica. Eles tiveram suas máscaras retiradas, e nós não sabíamos sequer que eles usavam uma.


História re-escrita? Não - história escrita honesta, verdadeira e transparentemente, sem omissões. The Beatles íntimo e pessoal. E com calos nos dedos!"

David Cavanagh

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Teatro e Cinema

Por Lázaro Luis Lucas

Já vão mais de 20 anos quando, pela primeira vez, li em uma resenha do filme Streamers - O Exército Inútil, sobre o conceito de teatro filmado.

O filme, produzido em 1983, foi dirigido por Robert Altman e roteirizado por David Rabe, a partir de uma peça de sua autoria.

A história de Streamers - O Exército Inútil ocorre durante a guerra do Vietnã e todo o filme desenrola-se nos limites de um alojamento militar, onde seis homens aguardam a ordem para embarcarem para a área de conflito. A descoberta da homossexualidade de um deles irá tornar ainda mais difícil o convívio entre eles.

Mais do que focar a câmera em um único cenário, o conceito aplicado por Robert Altman no filme faz com que tudo aquilo que pensamos ser cinema caiba, quase que exclusivamente, no roteiro e em seus intérpretes.

Aqui, o diretor se adapta a uma outra linguagem - a do teatro - para continuar fazendo o que sabe, cinema. E como no palco, o que realmente irá importar é a qualidade do texto e dos atores.

Filmes ambientados em um só cenário nunca foram novidade na história da sétima arte. Obras como Inferno nº 17, de Billy Wilder (1953), e Festim Diabólico (1948), e Janela Indiscreta (1954), ambos de Alfred Hitchcock, são bons exemplos de que não estamos divagando sobre algo tão extraordinário assim.

Então, o que torna para grandes mestres do cinema esse recurso tão interessante assim, além de economicamente viável? Eu, particularmente, acredito que seja a possibilidade de fazer com que o público se concentre naquilo que há de mais importante nesse tipo de obra: o texto.

Para o diretor de cinema, provavelmente um apreciador da obra original, é a oportunidade de trabalhar com esse material fazendo o que sempre fez, sem adulterar tanto o resultado final.

E grandes obras, não faltam. O próprio Robert Altman tem algumas delas. Faz parte de sua filmografia obras como Nashville (1975), 3 Mulheres (1977), Cerimônia de Casamento (1978), James Dean - O Mito Sobrevive (1982), Louco de Amor (1985), Além da Terapia (1986), Short Cuts - Cenas da Vida (1993), Prét-à-Porter (1994), Dr. T e as Mulheres (2000), Assassinato em Gosford Park (2001) e A Última Noite (2006).

Por fim, uma curiosidade sobre o tema. Em 1972, o ator britânico Michael Caine participou do filme Trama Diabólica, ao lado de Laurence Olivier, dirigido por Joseph L. Mankiewicz e com roteiro de Anthony Shaffer, a partir de sua peça Sleuth. Exatos 35 anos depois, retorna em uma nova adaptação da mesma peça, agora ao lado do ator Jude Law, em filme dirigido por Kenneth Branagh e com roteiro de Harold Pinter, que no Brasil ganhou o título Um Jogo de Vida ou Morte.

Abaixo, mais alguns filmes a serem (re)descobertos:
1- Ricardo III. Laurence Olivier (1955)
2- Tara Maldita. Mervyn LeRoy (1956)
3- O Que Terá Acontecido Com Baby Jane? Robert Aldrich. (1962)
4- A Dama Enjaulada. Walter Grauman (1964)
5- Armadilha Mortal. Sidney Lumet. (1982)
6- Querelle. Rainer Werner Fassbinder (1982)
7- Clube dos Homens. Peter Medak (1986)
8- Seduzida ao Extremo. Robert M. Young (1986)
9- O Telefone. Rip Torn (1988)
10- Impróprio Para Menores. Peter Bogdanovich (1992)
11- O Sucesso a Qualquer Preço. James Foley (1992)
12- Oleanna. David Mamet (1994)
13- Tio Vanya em Nova York. Louis Malle (1994)
14- Boleiros - Era Uma Vez o Futebol. Ugo Georgetti (1998)
15- Titus. Julie Taymor (1999)
16- 8 Mulheres. François Ozon (2002) e
17- Possuídos. William Friedkin. (2006)

Despeço-me hoje com pedidos de desculpas. O primeiro pedido é por praticamente não ter mencionado dois nomes que não poderiam de maneira alguma faltar no texto. David Mamet e John Sayles.

O segundo é por ter deixado de citar aqueles que representam o que há de melhor no cinema de humor norte-americano, atualmente. O diretor e roteirista Christopher Guest e toda a sua trupe, liderada por Eugene Levy e Catherine O'hara.

O terceiro pedido vai pela predominância do cinema de língua inglesa na listagem. Foi mal.

E, por fim, pela ausência do cinema brasileiro no desenvolvimento da ideia.

Na boa, gente, à exceção de Ugo Georgetti, e apesar das inúmeras adaptações dos textos de Nelson Rodrigues, nossos roteiristas, a priori, são péssimos. Não vou polemizar.

Cheguei a pensar em acrescentar os filmes Eu Sei Que Vou Te Amar (Arnaldo Jabor, 1986) e Barrela: Escola de Crimes (Marco Antônio Cury, 1990). Larguei de mão. São muito irregulares.

Pensei, ainda, em dois grandes filmes: o premiado O Beijo da Mulher Aranha (Hector Babenco, 1985) e o excelente Domésticas - O Filme (Fernando Meirelles, Nando Olival, 2001). Mas, ambos, são cinema em seu estado mais sólido.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Que Terá Acontecido A... Information Society

Enorme sucesso no Brasil no final da década de 80 e início da de 90, o Information Society se tornou mundialmente conhecido graças ao megahit What’s On Your Mind (Pure Energy).

Misturando música eletrônica com o mais puro pop descartável, a banda caiu no gosto do público brasileiro e se manteve nas ondas das rádios nacionais, enquanto no resto do planeta entrava em lento declínio.

Para se ter idéia da popularidade da banda por aqui, até em trilha sonora internacional de novela tinha música do Information.

Depois da dissolução em meados da década de 90, foram ensaiadas algumas tentativas de volta, mas a formação original jamais se reuniu ou chegou a gravar um disco novo.
O grupo – ou o que sobrou dele - segue lançando álbuns apenas em formato digital. No web site da banda (http://www.informationsociety.us/) há, inclusive um trabalho de remixes novo programado para 22 de setembro.

O Information Society figura, ao lado de nomes como Rick Astley, Noel (aquele de Silent Morning), Kon Kan (Harry Houdine, como foi que eu me lembrei dessa?), Alphaville (todo mundo cantou, chorou ou deu risada com Forever Young), When In Rome e tantos outros, no rank de artistas que tiveram pelo menos um grande sucesso naqueles anos de muita programação eletrônica e teclados super turbinados.