segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os 50 Anos da "Nouvelle Vague"

Por Lázaro Luis Lucas

50 anos depois do surgimento da Nouvelle Vague, eis que novamente o movimento artístico surgido na França, no final do anos 50, encontra-se nas conversas e "sites" de relacionamentos de cinéfilos do mundo todo. E a estreia, em solo brasileiro, do documentário Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague adiciona ainda mais elementos para a troca de ideias.

De difícil precisão quanto ao seu marco inaugural, a Nouvelle Vague foi moldada com a finalidade de romper com todas as normas cinematográficas estabelecidas no cinema francês ainda nos anos 30. Até aí, tudo bem.

O que se espera de todo e qualquer movimento artístico é pelo menos uma renovação estética, realmente. Uma de suas características mais notáveis era permitir ao diretor do filme um maior controle intelectual sobre a obra, reduzindo, mas não eliminando, a importância do roteirista e do produtor no resultado final.

Retomava-se com a medida o conceito de um "cinema de autor". Assim, para alguns de seus estudiosos, o mérito maior do movimento - e aqui, talvez, resida a verdadeira importância da Nouvelle Vague - foi ter possibilitado o surgimento de toda uma nova geração de cineastas; vários deles, críticos já conceituados da "Cahiers du Cinéma", icônica revista de cinema lançada na França, no início dos anos 50.

Não se requer muito conhecimento em cinema para se perceber que, à razão da enorme quantidade de talentos surgidos com a Nouvelle Vague, qualquer tentativa de se estabelecer parâmentos artísticos específicos para servir de base ao movimento não se sustentariam nem por um ano.

Óbvio. A Nouvelle Vague, enquanto cinema, não foi, necessariamente, estética. A Nova Onda foi humana. Nomes como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Alain Resnais, Jacques Rivette, Claude Chabrol e Eric Rohmer, só para citar os mais notáveis, passaram as ditar as novas regras do cinema francês.

Claude Chabrol e o seu Nas Garras do Vício (1958), para muitos, inauguram o movimento. Os filmes eram taxados de iconoclastas, contestadores, inconformados. Só não havia por parte do público e da crítica especializada a indiferença. Havia muito amor e também muito ódio aos filmes. Era tudo o que eles queriam.

Com a Nouvelle Vague, o cinema francês já não era mais o mesmo. Bem, até surgir no cenário artístico daquele país um cineasta que atende pelo nome de Luc Besson. Mas essa é outra história.

Abaixo, alguns filmes marcantes de quatro deles:
Alain Resnais
- Hiroshima Meu Amor (1959)
- Ano Passado em Marienbad (1961)
- Muriel (O Tempo de Um Retorno) (1963)
- Meu Tio da América (1980)
- Amor à Morte (1984)

Claude Chabrol
- Nas Garras do Vício (1958)
- Mulheres Fáceis (1960)
- Corças, As (1968)
- Açougueiro, O (1970)
- Inocentes de Mãos Sujas, Os (1975)

Eric Rohmer
- Signo do Leão, O (1959)
- Marquesa d'O, A (1976)
- Mulher do Aviador, A (1981)
- Noites de Lua Cheia (1984)
- Raio Verde, O (1986)

Francois Truffaut
- Incompreendidos, Os (1959) (Antoine e Colette -1962; Beijos Proibidos -1968; Domicílio Conjugal -1970; Amor em Fuga, O -1979)
- Jules e Jim - Uma Mulher Para Dois (1962)
- Noiva Estava de Preto (1968)
- Na Idade da Inocência (1976)
- Mulher do Lado, A (1981)

2 comentários:

Socorro Acioli disse...

Adorei! Muito obrigada.

Alberto de Oliveira disse...

Excelente!!!