quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fã de Carteirinha


Alguns artistas passam suas carreiras inteiras repetindo o mesmo disco. Para uma parte desses artistas, isso se torna até uma qualidade. É o caso, por exemplo, dos Ramones lá fora e de Jorge Benjor aqui no Brasil.


Para outros, a repetição vira um disfarce para a falta de criatividade, como se pode ver no trabalho do Weezer, grupo que chegou a receber um pedido de parte de seus fãs para que deixassem de gravar.


O grupo escocês Teenage Fanclub se encaixa, com honra, no primeiro grupo. Desde a estréia abençoada com Bandwagonesque, em 1991, eles vêm fazendo pequenas variações em sua sonoridade, sem jamais alterar radicalmente a qualidade melódica de suas canções.


Se Bandwogonesque é um disco que sobreviveu superlativamente em meio à grande quantidade de lixo gravada nos anos 1990 é porque seus acertos são atemporais: melodias grudentas e uma produção cristalina que faz a ponte perfeita entre as distorções típicas da época e a apropriação de modelos clássicos de composição (a influência de Beatles e Big Star é evidente).


Mas nos discos seguintes, o Teenage viu parte de seu público bandear-se para novas modas e modismos, enquanto eles continuavam fiéis a suas regras.


Quem permaneceu no séquito da banda, no entanto, teve a chance de entrar em contato com preciosidades com Don´t Look Back, Neil Jung (do disco Grand Prix), Your Love Is The Place Where I Come From (de Songs From Northern Britain) e The Cabbage (de Thirteen), músicas que só melhoram com o passar do tempo.


O novo disco, Shadows, segue a linha doce e etérea adotada em Man Made , lançado há cinco anos. Para quem é fã de longa data – e só agora, escrevendo este texto, é que me dou conta que amo esta banda há 20 anos – o disco acrescenta mais um capítulo à história de carinho criada entre o Teenage e seus admiradores.


Todas as canções são ótimas, mas em Baby Lee e When I Still Have Thee os escoceses atingem os picos de beleza que coroam suas melhores criações.


Não é certamente um trabalho que vá aumentar o público da banda. Tanto faz.


Nessas alturas, o que o fã-clube quer é exatamente o que eles vêm oferecendo: pequenos presentes em forma de música, a cada cinco anos.


É muito mais do que muita gente oferece em uma vida inteira...

5 comentários:

Anônimo disse...

Postagem estonteneante neste blogue, textos deste modo realção a quem quer que observar neste espaço :/
Realiza mais de este blogue, a todos os teus visitantes.

Zezé disse...

verdade...

Rabisco disse...

Não conheço mas vou tratar disso!
Gostei muito desta publicação. ;uita verdade!

Abraço

http://www.rabiscosincertossaltoemceuaberto.blogspot.com/

Alberto de Oliveira disse...

Falando em fã, sou fã do blog. Sinto falta desses caras talentosos falando sobre música, cinema... Emfim sobre vida.

Se der, volte Luis.

Jotabê disse...

Sem dúvida, um belíssimo retorno desses inglesinhos, que com seu som nada inglês, e sim melodias rockers puramente americanas, vem conquistando desde os anos 90 cada vez mais fãs, e com este "Shadows", o arrebatamento de novos admiradores continua....amém!!!