sábado, 14 de fevereiro de 2009

Beatles à Brasileira

Já que falei de Beatles na última postagem, porque não falar também da banda que para mim são os Beatles brasileiros, a Legião Urbana?

É claro que o fato de ter crescido em Brasília, de ter sido adolescente em plena ascensão de Renato Russo e cia, me torna um pouco suspeito. Ou não. Afinal quantas bandas de rock nacional geraram um culto tão forte e duradouro? Quantas podem se gabar de ter atravessado gerações e permanecer tão atuais e relevantes? Quantas possuem clássicos suficientes para preencher um álbum duplo?

Eu acho que não existe comparação, principalmente, com a qualidade do texto de Russo. Mesmo que os anos 80 tenham sido pródigos em bons letristas - um fenômeno que parecer ter desaparecido de nosso cenário pop - ninguém captou tão bem o espírito de seu tempo quanto Renato Russo.

Da política ao desejo homoafetivo, nada escapou à pena afiada do trovador de Brasília. Eu me recordo que, na escola, todo mundo sabia todas as letras quilométricas de coração. Era um tal de levar o encarte para as aulas e sair passando de carteira em carteira enquanto os professores falavam sobre física, biologia e... química, claro!

Renato parecia saber tudo que a gente sentia, vivia e desejava. É pomposo falar em porta-voz de uma geração, mas, de um certo modo, era assim que a gente o via.

Hoje, para mim, ficou a delicada poesia, a sensibilidade extrema de alguém que se indignava, que abria o peito e se expunha muito. Numa época em que tudo vai ficando mais e mais embrutecido e cínico, a música da Legião e as letras de Russo são como um oásis, um alivio para os tristes de coração porém grandes de alma.

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