quinta-feira, 12 de março de 2009

Música para quê?

A revista Bravo deste mês traz, em sua matéria de capa, texto assinado pelo jornalista Arthur Dapieve, no qual se especula sobre o futuro da música diante das novas tecnologias digitais.

Num mundo em que cada vez compra-se menos discos, fica a pergunta: afinal, a indústria da música vai sobreviver?

Seguramente, da forma como nós, trintões e quarentões, conhecíamos, não. A molecada entre 15 e 30 anos desaprendeu a comprar música. Ninguém mais corre para as lojas de cd - que, aliás, não existem mais - para adquirir o último trabalho de sua banda preferida. Para que, se se pode baixar tudo em questão de minutos e sem pagar um centavo?

Lógico que essa geração consome música de maneira frenética, mas tem uma relação impessoal e destituída de poesia com ela. Não é por acaso que existe toda uma galera redescobrindo o prazer físico de manusear um álbum de vinil (isso, sem falar no impacto do som, infinitamente mais encorpado e vigoroso que esses anódinos mp3 que circulam por aí).

Aparentemente, esse é um processo meio sem volta. A rede de megastores Virgin, por exemplo, fechou - ou está para fechar - uma de suas mais tradicionais lojas em Nova Iorque, a da Times Square. Quem já teve a oportunidade de conhecer, de andar por seus vastos corredores repletos de música dos quatro cantos do planeta (inclusive uma boa seção de MPB), não pode deixar de sentir uma pontada de tristeza.

Numa viagem que fiz a Nova Iorque, no final de 2006, acho que entrei nessa loja todos os 9 dias em que estive na cidade. Para mim, era como visitar um templo. Sim, porque para mim, música é religião, uma espécie de elo com o sagrado, com aquilo que existe de mais sublime e etéreo em nós.

Não creio nas previsões mais pessimistas sobre o assunto, mas, ao que parece, sobram dois caminhos: a música ou será consumida e descartada vorazmente, deixando milhares de artistas a ver navios, ou virará um artigo de luxo para uns poucos.

Afinal, é realmente uma minoria que pode se dar ao luxo de comprar uma bela reedicão em vinil, a exorbitantes 100 reais, e desfrutar 40 minutos longe desse confuso admirável mundo novo.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bacanas as suas observações. parabéns pelo blog.