sábado, 25 de abril de 2009

Cinema, Livros e Outros Bálsamos

Uma das melhores coisas para quem aprecia arte é descobrir o trabalho de um artista que já está em atividade há muito ou mesmo que já tenha se aposentado ou morrido.

Estou vivendo esta espécie de love affair com um escritor chileno, precocemente falecido, Roberto Bolaño.

Bolaño é um dos grandes nomes da literatura latino-americana da segunda metade do século XX e sua obra desperta cada vez mais interesse em leitores do mundo inteiro. Seus livros são um mergulho fascinante em um universo paralelo de aspirantes a escritores, artistas frustrados, loucos, refugiados políticos e toda sorte de deserdado. Cada página de Bolaño é uma viagem incomparável, uma experiência poética e transformadora. Termina-se de ler um livro seu com a ânsia de se começar o próximo.

Vivo neste estado, igualmente, em relação ao grande cineasta espanhol e mestre do surrealismo na telona, Luis Buñuel. Na juventude, quando era estudante de artes plásticas na Universidade de Brasília (UnB), fui introduzido no universo de Buñuel por seus filmes de final de carreira e, por mais interessantes que sejam alguns deles, não conseguiram me contagiar por completo.

Recentemente, resolvi ir atrás dos filmes mais antigos do diretor, principalmente aqueles que realizou durante seu exílio no México.

A palavra genial é pequena para descrever filmes como Os Esquecidos, Nazarin e Escravos do Rancor - este último uma curiosíssima versão do clássico da literatura, O Morro dos Ventos Uivantes. Buñuel expõe, de forma brilhante, hipocrisias sociais, vícios, mesquinharias e, em última análise, a falência total das relações humanas. Não são obras exatamente fáceis, mas quando um dos garotos da obra-prima Os Esquecidos joga um ovo cru diretamente na câmera, temos a noção precisa do quão necessários e atuais ainda são.

Na música, garimpar velharias sempre foi um dos meus maiores prazeres. Grandes figuras como Stephen Stills, Gene Clark e Dennis Wilson só passaram a fazer parte da minha vida muito recentemente e hoje estão entre meus artistas preferidos.

Discos maravilhosos como White Light (Gene Clark), Pacific Ocean Blue (Dennis Wilson) e o primeiro registro solo de Stephen Stills são descobertas talvez tardias, mas, assim como os livros de Bolaño e os filmes mexicanos de Buñuel, são agora parte fundamental das minhas mais caras memórias.

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