segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Gênios Fora da Lâmpada

Não sei se existe algo parecido com perfeição neste mundo, mas acho que algumas obras de arte nos dão, ao menos, uma pista para entendermos a idéia por trás desta palavra.

Durante anos, na faculdade de artes que cursei aqui em Brasília, ouvi professores discursando sobre estética, crítica, teoria e história da arte. Muita leitura aliada a aulas com projeções de slides só me deram uma vaga noção do que seria o sublime nas artes.

É claro que meu gosto vem, em grande parte, daquela época. Mas, eu nunca imaginaria que me tornaria um obcecado por Renascimento Italiano, nem por rock dos anos 70. Porque, na verdade, a gente só forma efetivamente nosso gosto quando entra em contato direto com as obras. Talvez seja por isso que até hoje não consegui entender completamente o fascínio e a paixão que a ópera desperta em tantas pessoas. Possivelmente quando me dispuser a assistir ao vivo a um espetáculo operístico as coisas mudem...

Digo isso porque minha vida mudou para sempre no dia em que vi o trabalho de pintura realizado por Michelangelo no teto da Capela Sistina, no Vaticano. A mesma viagem que me colocou cara a cara com o Moisés, também do gênio italiano. Era a primeira vez que me deparava com a genialidade em toda sua força. Mais que isso, ter visto estas obras me mostraram que alguns homens são realmente maiores que a própria vida. Toda a mediocridade e mesquinharia que governam nosso dia-a-dia subitamente desapareceram diante de tamanha grandiosidade e magnificência.

Não sei se Deus existe – prefiro acreditar que não, mas em todo caso... –, entretanto nesses momentos percebo que algumas poucas coisas nos transportam para uma zona de contemplação e adoração que está fora deste plano físico.

Se eu já tive alguma experiência mística na minha “desespiritualizada” existência, foi diante do David, que me fez esperar durante duas horas numa fila para adentrar a pequena Galleria Dell’Academia, em Florença, e apreciar sua humanidade agigantada e glorificada em puro e reluzente mármore branco.

Todas essas experiências dizem muito da minha relação com música, afinal sempre me vi como discípulo do filósofo Nietsche. O bigodudo alemão muito sabiamente dizia que a vida não teria sentido sem a música. Eu vou além e digo que, sem música, a vida seria absolutamente insuportável.

Ter passado por esta existência sem mergulhar nas águas dos Beach Boys, nas deliciosas experimentações dos Beatles, nos cantos sagrados e profanos dos cantores e cantoras da Motown, na guitarra de Jimi Hendrix ou de Jimi Page, seria como uma existência no escuro. Ou, no mínimo, menos iluminada.

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