segunda-feira, 24 de maio de 2010

Doces Vozes: Sinéad O’Connor

Embora a grande maioria das pessoas a conheçam apenas como a cantora careca, a irlandesa Sinéad O’Connor tem em seu currículo dois grandes discos, uma série de boas colaborações e uma coleção de controvérsias de fazer inveja a muito roqueiro desbocado.

Quando, em 1987, a jovem artista lançou sua estréia, The Lion And The Cobra, parecia que o caminho finalmente se abria para cantoras e compositoras com atitude, talento e coragem de assumir posições polêmicas e fortes. Puxado por hits como Mandinka e I Want Your Hands On Me, o disco revelou para o mundo uma cantora que tanto podia cantar mansinho como soltar a voz em interpretações vigorosas e quase agressivas.

No disco seguinte, I Do Not Want What I Haven´t Got, Sinéad aprimorou sua pena, compondo canções de inspiração celta (Stretched On Your Grave), folk (Black Boys On Mopeds e Three Babies), além de ótimos rocks (The Emperor´s New Clothes e Jump In The River).

Mas a grande canção do disco é uma regravação que O´Connor tornou absolutamente pessoal e intransferível: Nothing Compares To You. Até então uma composição obscura de Prince, Nothing Compares To You pode ser considerada uma das melhores canções de amor de todos os tempos, não exatamente pelos méritos de sua letra, mas, sobretudo, pela interpretação passional e apaixonante de Sinéad.

O vídeo, no qual a intérprete se entrega a ponto de chorar durante as filmagens, também se tornou um marco da história dos vídeos musicais.

Infelizmente, os discos seguintes seriam o retrato cada vez mais confuso de uma artista conturbada, muitas vezes dona de uma ira difusa e irrefletida.

Problemas pessoais, declarações bombásticas, fotos rasgadas do Papa, vaias em shows, mudanças bizarras de sonoridade e outras esquisitices fizeram com que uma das vozes mais belas e originais surgidas nos últimos 20 anos praticamente caísse no esquecimento.

Quem quiser mergulhar no universo desta cantora fascinante pode começar com a coletânea So Far... The Best Of Sinéad O’Connor, que traz, além dos óbvios sucessos, algumas canções menos conhecidas da irlandesa (You Made Me The Thief Of Your Heart é linda de doer).

2 comentários:

Marcos Eduardo Nascimento disse...

Luis, boa-noite!

a musica you made... que vc bem mencionou, e disse que eh linda de doer. concordo com vc. ela toca no finalzinho de "em nome do pai", filme com os sempre otimos: daniel day-lewis e emma thompson. inclusive, eu o indico para ter como item obrigatorio de qualquer colecao de dvd.

abraços.

Rogério Santana disse...

Que legal, eu comecei minha coleção de cds da Sinead com essa coletânea (So far...), hoje tenho todos os cds. Outra coincidência, a música, you made me the thief of your heart eu ouço até hoje com muito carinho, pois criei uma apresentação teatral contemporânea com ela.