segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os Meninos de Brasília

As ruas têm cheiro de gasolina e óleo diesel
Por toda a plataforma, toda a plataforma
Você não vê a torre

O clássico do Capital Inicial, com letra do trovador solitário, Renato Russo, é codificada para os não moradores da Capital Federal.

A tal plataforma é a do terminal rodoviário, que marca o centro da cidade e delimita as duas asas.

A torre é a Torre de TV, um dos cartões postais de Brasília, que abriga um mirante que proporciona a melhor vista do traçado urbano imaginado por Lúcio Costa e, no térreo, uma feira de artesãos que, nas décadas de 70 e 80, ficou conhecida como feira hippie. Hoje, descaracterizada como tudo o mais na cidade, é simplesmente a feira da Torre.

Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude formam uma espécie de santíssima trindade do rock made in Brasília.

Os Paralamas do Sucesso, que por vezes são associados à cena brasiliense dos anos 80, foram formados e começaram sua carreira no Rio de Janeiro.

Outras bandas se lançaram na esteira do grande sucesso desses três grupos: Finis Africae, Peter Perfeito e a punk Detrito Federal.

Ninguém, no entanto, conseguiu chegar perto do reinado estabelecido por Renato e seus legionários.

O culto que começou ainda na época do Aborto Elétrico estendeu-se por todos os rincões deste imenso país e, ainda hoje, o Legião é um dos maiores vendedores de discos de sua gravadora.

Geração após geração, toda uma nova meninada segue descobrindo os versos muitas vezes sublimes do atormentado poeta do desencanto e da revolta.

Depois desta turma, o Brasil viu a ascensão do rock dos Raimundos, que misturavam guitarras pesadas com ritmos populares, baião e forró. Tiveram seus momentos, é verdade, mas a essas alturas eu já havia perdido o interesse no rock feito no Brasil.

Para mim, a pobreza dos textos, o sexismo de algumas bandas e a falta de vocalistas carismáticos e inteligentes esvaziaram qualquer tesão que eu pudesse ter em relação a estas bandas.

Com a cidade prestes a completar 50 anos – na próxima quarta, dia 21 de abril de 2010 – fica a pergunta:
Brasília ainda conseguirá gerar outro Renato Russo?

Um comentário:

Serginho Tavares disse...

essa época já passou e as pessoas estão mais voltadas pro quem de fora
infelizmente