quarta-feira, 26 de maio de 2010

É isso aí?

Sou um apaixonado por séries de televisão. Sejam dramáticas ou cômicas, de ficção científica ou policiais, as séries americanas têm se superado na construção de roteiros inteligentes, personagens cativantes e em produções cada vez mais sofisticadas.

Já houve uma época em que acompanhava quase religiosamente umas dez séries. Sex And The City, A Sete Palmos, Família Soprano, Will And Grace, CSI (a original, passada em Las Vegas. A de Nova Iorque e a de Miami nunca me interessaram), Seinfeld, Frazier, Without a Trace e mais algumas que não consigo me lembrar fizeram com que eu adquirisse uma renovada fé na linguagem televisiva (a lá de fora, fique bem claro).

Mas nenhuma série me capturou de forma tão intensa quanto Lost. Lembro-me que quando comprei a primeira temporada da série, varava madrugadas assistindo um episódio seguido do outro até ser vencido pelo sono e cansaço.

Os personagens e seus respectivos intérpretes foram sendo gradualmente apresentados e, à medida que suas histórias eram reveladas, eu ia escolhendo aqueles que mais me interessavam.

O triângulo formado pelo herói relutante Jack Shepard, seu antagonista James “Sawyer” Ford e a enigmática Kate Austen – uma assassina de bons sentimentos – nunca teve, para mim, o mesmo charme da bela história de amor do casal de coreanos Sun e Jin ou a profundidade da história pessoal do obstinado John Locke.

Sayd, Hugo Reyes, Desmond Hume, Mr. Ecko e, principalmente, o soberbo vilão Benjamin Linus formaram uma longa coleção de personagens ricamente complexos e construídos com a habilidade que só um grande roteirista pode oferecer.

Mas, é claro, Lost tinha que chegar ao fim. E o que tão excepcionais roteiristas nos reservaram após tanto drama e mistério? Pouco. Muito pouco.

Diante de um mundo de possibilidades e de uma incontável quantidade de problemas não resolvidos, os escritores e produtores optaram por um final em aberto, por vezes piegas e com um viés místico-religioso que foi, na melhor das hipóteses, broxante.

Fãs mais histéricos devem ter ficado furiosos. A última temporada parece ter se esquecido de coisas como a iniciativa Darma, as teorias malucas sobre viagens no tempo e outras lebres levantadas ao longo dos cinco anos anteriores.

Perda de tempo? De forma alguma. Por mais paradoxal que possa parecer, o desfecho da série nunca foi muito importante para mim.

O grande barato de Lost sempre foi viajar no seu universo, ficar tecendo teorias absurdas, imaginar soluções improváveis e outras nem tanto (logo na primeira temporada eu já saquei qual era o mistério da ilha. Bem, pelo menos uma parte dele).

E se toda perda de tempo tiver esta qualidade e densidade, fico ansioso esperando pela próxima.

Com um pouco menos de idas e vindas no tempo, de preferência.

4 comentários:

Lídia Borges disse...

Aquela ilha, o mistério, as personagens...

Deixei-me prender sempre à espera de mais.
Será que acabou, de vez?

L.B.

Serginho Tavares disse...

Infelizmente para mim que acompanhava a série o final foi mega decepcionante. Os roteiristas se perderam desde que começaram a escrever a sexta temporada e não conseguiram salvar do frustrante final. Jogaram todo o vasto material que tinham nas mãos, no lixo!
Uma pena!

Paulo Laurindo disse...

Penso que os autores foram honestos com aquele final. Não tomaram partido de nenhum dos "mistérios" criados pela mente de um atormentado Jack. E afirmaram todos todas as letras: todos morremos um dia! O resto é sonho!

Roberto Menezes de Oliveira disse...

Lembrei-me do final da novela "A Viagem", ai ai ai ui ui...