segunda-feira, 3 de maio de 2010

Longa Vida à Rainha

Acabo de terminar a leitura de Freddie Mercury, de autoria do francês Selim Rauer, pela editora Planeta, biografia sobre o mítico vocalista do Queen.

Escrito numa linguagem excessivamente simplória, possivelmente devido a uma tradução de má qualidade, o livro faz um nítido esforço para traçar os contornos do homem por trás da lenda.

Ao longo de sua curta vida - Mercury morreu aos 45 anos em decorrência de complicações ocasionadas pela AIDS - , o cantor e compositor tentou manter suas origens, vida familiar e afetiva o mais longe possível da cena pública.

Nascido Farrokh Bulsara, primogênito de uma família de origem persa, passou sua infância na paradisíaca ilha de Zanzibar, na costa africana, então um protetorado da Coroa Inglesa. Aos 8 anos é enviado à Índia onde prossegue seus estudos em uma rígida instituição britânica. Estes anos de afastamento da família parecem ter afetado de forma definitiva o jovem Farrokh. O final da adolescência seria vivida na efervescente Londres da década de 60. Inicia-se ali seu profundo interesse pelo rock e um desejo ainda amorfo de fazer algo novo, grandioso e inesquecível.

A carreira com o Queen acabaria levando todas essas ambições a alturas que, talvez, somente ele concebesse.

Freddie conheceu, num curto período de 20 anos, a glória e a decadência, a adulação e o escárnio, a adoração do público e a ferocidade da crítica.

Ninguém foi tão gigantesco como ele no palco. Ninguém soube transformar a comédia que é o circo do rock em ópera, drama e tragédia.

Poucos ousaram o ridículo com tamanha autenticidade e - por que não? - integridade. Depois de sua morte o mundo da música ficou menos divertido.

Meu disco preferido do Queen é o segundo, Queen II. Quando o disco foi lançado em 1974, eu era um infante de apenas 4 anos e música era uma coisa que só entrava em minha casa via rádio.

Quando eu comecei a descobrir o rock, já na adolescência, o Queen escancarou um mundo de possibilidades e me abriu um caminho sem volta. Foi a transição definitiva das trilhas sonoras de novela para álbuns conceituais, cheios de detalhes e segredos que iam se revelando a cada audição.

Em janeiro de 1985, quando se apresentaram no primeiro Rock In Rio e a Rede Globo transmitiu alguns trechos dos shows, a minha conversão se completou. Seja regendo a multidão em Love Of My Life ou explodindo de emoção em We Are The Champions, Mercury transformava qualquer palco no seu elemento.

Por trás do performer insuperável, no entanto, vivia um homem preso a recalques e fantasmas que remontam à infância e à educação repressora.

Mercury jamais conseguiu fazer a transição do personagem que encarnava de forma tão intensa sob os holofotes para a vida cotidiana, com suas mesquinharias, pequenos e grandes problemas.

Ficou sua música, testamento definitivo de um artista tão complexo e fascinante como sua própria vida.

3 comentários:

Anônimo disse...

Fantástico seu post, concordo com tudo que você falou, ninguém conseguiu fazer na história do rock algo tão grandioso como Mercury.
Deixei um prêmio para você lá no Blog.

Abs

Luis Valcácio disse...

Valeu, Gilson!

acervopop disse...

God Save the Queen!
Eu não amaria a música pop sem Freddie Mercury.

Abraços,