sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vampiros de Plástico

O que faz um produto – um filme, um disco ou um livro – se tornar um fenômeno de massa? Pode ser o tema explosivo (caso da polêmica tola em torno de O Código Da Vinci), o apelo sexual (aqui os exemplos são inúmeros, indo de Madonna até a nossa querida Gretchen) ou mesmo o simples sensacionalismo da mídia (a “artista” conhecida como Lady Ga Ga é um caso bem recente de exploração exagerada de pseudo-escândalos e ousadias feitas sob medida para os tablóides do óbvio).

Mas para explicar alguns fenômenos, só mesmo um bom psicólogo.

É o caso da série de filmes da saga Crepúsculo. Os livros que os originaram são best-sellers mundiais que já fizeram fortuna para a escritora Stephenie Meyer. A trama recicla clichês de histórias de vampiros com clichês de dramas adolescentes. Ou seja, haja lugar comum.

Mas o fato é que pegou. As garotas, sobretudo, sentem-se identificadas com a protagonista apaixonada por um rapaz enigmático, que acaba se revelando um vampiro sensível e bonzinho.

Passei batido pelos livros. Talvez porque já esteja um pouco velho para dramas plastificados ou talvez porque já tenha tido minha dose de chupadores de sangue.

Quando li os livros de Anne Rice sobre o cultuado vampiro Lestat, confesso que vivi uma fase de profundo interesse pelo tema. Isso sem contar os milhares de filmes vampirescos que se acumulam em minha memória, que vão desde o antológico Drácula, estrelado por Bela Lugosi, até os deliciosos pastiches da produtora inglesa Hammer. Como tudo na vida passa, isso também passou.

Mas resolvi dar uma chance à versão cinematográfica do primeiro livro da série, dirigido por Catherine Hardwicke e lançado em 2008. Durante longas duas horas, lutei para me manter acordado diante de tamanha bobagem. Atores sofríveis, história risível, direção apática e uma falta de emoção tão gritante que se chega a pensar que todo o projeto foi feito realmente por mortos-vivos.

No dia seguinte à sonolenta experiência, entro numa banca e escuto duas garotas namorando, embevecidas, uma revista com o casal do filme estampado na capa. A falta de vocabulário típica dessa fase da vida impedia as "fofas" de expressar melhor seu imenso amor pelo ator Robert Pattinson, que faz o vampiro meigo.

Rendi-me, então, a um fato muito simples: enquanto houver adolescência, hormônios em ebulição e fotoshop de última geração, os Crepúsculos da vida continuarão a florescer.

5 comentários:

Flavia Cavalcante disse...

Viva! Senti muito sua falta.

Cris França disse...

que texto delicioso de se ler, Bravo Luis! é bem por ai mesmo, uma febre juvenil, mas tivemos as nossas , bom eu pelo menos, não gosta dos Menudos...rsrsrs

bom fim de semana!

Luna disse...

Quem sabe se a novidade a diferença, a falta de humanidade deste mundo...no fundo todos precisamos de sonhar

Norberto Marques disse...

Boa semana, Luis :)

Abraço <<<<<<<<<<>>>>>>>>> Norberto

Thais Miguele disse...

Nunca li melhor crítica de Crepúsculo. Pronto, sou sua fã!