Seu auto-retrato é tão cruel e impiedoso consigo mesmo como o é com o resto da sociedade. Sexo, misoginia, marginalidade e drogas fazem parte do coquetel “anti-ordem-e-progresso” preparado pelo cultuado cartunista.
A capa concebida por Crumb para Cheap Thrills, disco que revelou ao mundo o furacão Janis Joplin, difere de tudo que se fazia na época. Crumb criou uma pequena ilustração para cada faixa do álbum, originando um mosaico colorido em que uma Janis sensual e gordinha (como, aliás, quase todas as mulheres criadas por ele) predomina. Reflexo, diga-se de passagem, do que se ouvia no vinil.
Gravado em estúdio, com inserções ao vivo, o disco é creditado ao grupo Big Brother And The Holding Company, no qual Janis era “apenas” a vocalista. Mas qualquer um que ouvisse a performance matadora da cantora branca mais negra que já se teve notícia, poderia adivinhar que muito rapidamente o Big Brother é que se tornaria “apenas” o grupo de Janis.
Ball and Chain, Summertime e Piece Of My Heart não são apenas ótimas canções. São a prova de que uma grande intérprete pode dar novo significado a músicas consideradas já definitivas em suas gravações originais.
Tristemente, esse imenso potencial perdeu a luta para a depressão, a solidão e a autodestruição nas quais Joplin se afundou.
Melhor lembrar dela como a piriguete oferecida que ilustra a faixa I Need A Man To Love.
2 comentários:
Putz! Há pouco mais de 40 minutos que estou aqui e pela primeira vez leio um blog do início ao fim com um apetite voraz...
Verdadeira mistura de sentimentos: nostalgia (encontrei aqui boa parte de tudo aquilo que ouvi), delírio e delícia (veio à mente instantâneamente todos os maravilhosos momentos que a música traz), surpresa (quanta novidade inimaginável!!!!, paixão (e mais paixão)...
Luis, tão perfeito que dá vontade de chorar de alegria! Muito bom! Já vai virar necessidade.
Que bom, Danitza, que o Vitrola tenha te trazido tantas coisa legais. Só a arte mesmo para nos juntar.
Grande abraço e volte sempre
Postar um comentário