segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Alquimista

Na minha infância, o artista hoje conhecido como Jorge Ben Jor chamava-se, simplesmente, Jorge Ben. Um dos grandes mestres da MPB, Jorge, no entanto, não foi muito feliz em sua produção feita nos anos 80. Uma fase ruim que se prolonga até os nossos dias. Falando muito claro: Ben Jor nunca esteve à altura de Ben.

É o que fica evidente quando se escuta a caixa Salve, Jorge!, que reúne todos os discos lançados pelo cantor e compositor entre as décadas de 60 e 70. De Samba Esquema Novo, de 1963, que, como o próprio nome diz, estabeleceu uma nova forma de tocar samba até África Brasil, de 1976, este conjunto de trabalhos mostra a evolução de uma musicalidade que pode se arrogar o adjetivo de única.

A quantidade de clássicos é de deixar qualquer um de queixo caído. Há canções que eu, inclusive, só conhecia na versão de outros artistas (caso de Balança Pema e Cinco minutos, ambas regravadas com classe por Marisa Monte e Eu Vou Torcer, que ganhou recentemente uma versão chinfrim de Fernanda Abreu).

Os grandes destaques da caixa ficam por conta do histórico A Tábua de Esmeralda, de 1974, no qual Jorge discorre com sua lírica muito particular sobre temas como alquimia, Idade Média, vida em outros planetas e orgulho negro e África Brasil, disco em que a guitarra elétrica passa a tomar o lugar do violão e o namoro do músico com ritmos negros norte-americanos fica mais intenso.

Mas, em todos os trabalhos há razões de sobra para se deleitar com a ginga, a brasilidade e universalidade de um som que influenciou de forma decisiva não só a música nacional como a internacional.

Que o diga Rod Stewart, que chupou descaradamente o refrão de Taj Mahal em um de seus maiores sucessos, Do You Think I’m Sexy.

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