segunda-feira, 29 de março de 2010

As Confissões de Nyro

Na semana passada, fui ver, no Centro Cultural do Banco do Brasil aqui de Brasília, a exposição Anita Malfatti – 120 Anos.

A mostra celebra a obra da grande pintora modernista que até hoje não é exatamente uma unanimidade entre críticos e historiadores de arte. Não sou nem uma coisa nem outra, por isso digo, simplesmente, que gosto dos quadros de Anita. Há uma procura de um caminho próprio que me atrai e cativa.

Sobretudo, me fascina muito a coragem desta moça que, bastante jovem, desafiou os padrões conservadores do provinciano mundo artístico brasileiro do início do século XX. Desafio que lhe custou a ira de seguimentos da imprensa, de parte da intelectualidade e da própria comunidade artística.

Fiquei matutando e, porque faço este tipo de associação o tempo todo, lembrei da obra de outra jovem que também ousou ser ela própria e pagou um preço caro por isso.

Nascida no Bronx, Nova Iorque, em 1947, Laura Nyro lançou seu primeiro disco com apenas 19 anos de idade, em plena era de florescimento do rock psicodélico.

Em 1968, o álbum Eli And The 13th Confession revelou uma cantora e compositora segura de seu talento e de sua singularidade. Nyro desprezou todas as convenções do blues rock alucinado praticado por 9 entre 10 artistas de sua época, para cozinhar uma saboroso cozido em que soul, jazz e gospel eram os ingredientes principais e as letras confessionais o tempero especial.

Infelizmente, ninguém prestou atenção. Coisa que aconteceria também nos trabalhos seguintes, até Nyro se afastar da música na década de 70.

Laura faleceu em 1997, devido a um câncer de ovário. Deixou uma companheira e um filho do primeiro casamento.

Passados mais de dez anos de sua morte, sua herança musical influencia uma variedade de artistas que vai de Suzanne Vega a Ricky Lee Jones, de Joni Mitchel a Lucinda Williams.

Artistas que a reverenciam e a cultuam como uma pioneira, uma desbravadora, uma mulher que trilhou um caminho individual único na história do pop americano.

6 comentários:

Lídia Borges disse...

Gostei de ler... Interessante!


Um beijo

Hugo Nogueira disse...

Adoro a Laura Nyro, principalmente o disco com o Labelle. Eu tenho até a biografia dela escrita por uma conhecida.

Luis Valcácio disse...

Tenho lido tudo que posso sobre ela. Qual o nome do livro?

Hugo Nogueira disse...

Soul Picnic: the music and passion of Laura Nyro - Michele Kort.

Hugo Nogueira disse...

Hugo Nogueira31 de março de 2010 às 11:16
(sem assunto)
ainda não li a biografia da Nyro. Eu conheci a autora, em uma lista de discussão da Dusty Springfield, ela tinha planos de escrever uma biografia da Dusty também, não sei se o fez. Trocamos algumas cartas e fitas, apresentei a Maria Bethânia para ela e ela adorou, inclusive o visual da Bethânia. Ela agora é editora de uma revista importante nos EUA, nunca mais tive notícias dela.

Luis Valcácio disse...

Interessante... A Dusty é uma cantora maravilhosa, de obra imperdível. E parece que teve uma vida meio sofrida, escondendo ao máximo a homossexualidade e passando um bom período quase completamente esquecida pelo público. Felizmente, grandes artistas como Quentin Tarantino e os Pet Shop Boys nos lembraram da importância dessa artista imensa.