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Closer –
Joy Division (1980)
Um disco enigma, um modelo que seria absurdamente copiado (e jamais igualado), e o nascimento de um mito. O suicídio do vocalista
Ian Curtis tornaria este segundo e último álbum do
Joy ainda mais cultuado, mas a força e a beleza das derradeiras canções registradas por
Curtis têm vida própria e se impõem acima de qualquer mórbida adoração e culto da morte (um pecado no qual muitos fãs de rock parecem incorrer).
2 – The Smiths – The Smiths (1984)
O primeiro disco lançado por
Morrissey e cia beira a perfeição e tem canções absolutamente clássicas, como
This Charming Man,
Still Ill e
What Difference Does It Make . Ainda que eles tenham atingido a maturidade com o terceiro trabalho,
The Queen Is Dead, de 1986,
The Smiths é repleto de uma inocência e lirismo que se perderiam um pouco ao longo do caminho. E há também a fantástica capa - belo trabalho gráfico que criou uma identidade visual, que marcaria para sempre a carreira da banda.
3 – Document – R.E.M. (1987)
Até hoje, o melhor disco da grande banda americana e também aquele com o maior número de canções clássicas (
The One I Love,
The Finest Worksong e a definitiva
It’s The End Of The World As We Know It),
Document colocou o rock independente veiculado em rádios universitárias nas paradas, chamando a atenção do resto do mundo para a banda do vocalista
Michael Stipe. É bem verdade que eles nunca igualariam a energia e a pegada alcançadas aqui, mas o
R.E.M. tem o mérito de ter permanecido fiel a sua ética de independência e integridade artística. Além de, é claro, terem gravado outras músicas perfeitas...
4 – War – U2 (1983)
Durante muito tempo, o melhor disco da década de 80, foi, para mim,
The Joshua Tree, lançado pelo
U2 em 1986. Mas, curiosamente, esse foi um disco que não resistiu tão bem ao teste do tempo quanto o terceiro trabalho da banda,
War. Vigoroso, recheado de músicas que até hoje compõem o
set list dos shows do
U2,
War perdeu muito de sua importância como disco político e contestatório, mas permanece inalterado em sua qualidade musical.
5 – Ocean Rain – Echo & The Bunnymen (1984)
Se tivesse apenas a faixa-título – uma canção grandiosa, que parece querer atingir o céu – e a emblemática
The Killing Moon – a perfeição em formato de canção-pop – este disco já seria imprescindível. Mas há muito mais para se deleitar na fórmula pós-punk psicodélica manipulada com precisão por Ian McCulloch e os Homens-Coelho. Ambicioso, poético e altamente viciante.
6 – Low Life – New Order (1985)
O
New Order poderia ter se tornado apenas um “sub Joy Division”, mas, ao invés disso, preferiu se arriscar e acabou burilando um som totalmente novo e que teria grande influência em todos os sons que misturam rock com música eletrônica. A diferença entre o
New Order e seus seguidores, é que seus integrantes tinham um imenso talento para criar pérolas pop, coisa que
Low Life tem aos montes. De
Love Vigilantes até o encerramento com
Face Up, este disco se revela uma aula de como fazer música para chacoalhar o corpo, sem esquecer de alimentar a mente. Brilhante!
7 – Surfer Rosa – Pixies (1988)
De todos os discos que conheci, no final da década de 80, nenhum foi tão marcante quanto
Surfer Rosa. Embora, a rigor, o
Pixies não apresentasse nada de novo, o impacto de sua
surf music insana foi imenso. Durante alguns anos, eles foram tudo que se pode esperar de uma banda de rock: rebeldes, pesados, iconoclastas e surpreendentes. E autores de algumas das melhores canções daqueles anos.
8 – Let It Be – The Replacements (1984)
Ao lado do
R.E.M, esta talvez seja a mais importante e influente banda surgida no
underground americano.
Nirvana,
Pearl Jam,
Smashing Pumpkins, enfim, todos os grandes grupos surgidos nos Estados Unidos, na década de 90, devem alguma coisa aos
Replacements.
Let It Be é o disco para começar a gostar deles. Tudo está aqui: do rock certeiro de
I Will Dare até o cover esperto de uma canção obscura do
Kiss,
Black Diamond, o grupo não dá uma fora. Um disco de rock direto e sem frescuras.
9 – Psychocandy – The Jesus And Mary Chain (1985)
O ruído como forma de expressão artística não era exatamente uma novidade. O
Velvet Underground já havia incorporado sons pouco usuais ao seu rock de vanguarda. Mas os irmãos Reid levaram essas experiências embrionárias a níveis realmente inesperados. Profundamente influenciados por
Beach Boys, pelos grupos femininos da década de 60 e pelo
Velvet, o
Jesus recuperou a canção de 3 minutos como pedra fundamental do rock, e acrescentou a esse formato muita distorção, microfonia, ruídos diversos e uma barulheira infernal. No meio de camadas e mais camadas de guitarras, o grupo se sai com pequenas maravilhas como
Some Candy Talking e
Just Like Honey.
10 – Kicking Against The Pricks – Nick Cave And The Bad Seeds (1986)
Este disco marcou muito meu final de adolescência. Acho que o escutava três, quatro vezes seguidas, tentando entender o que me fascinava tanto. Hoje, percebo que o tratamento entre irônico e reverente que
Cave e sua banda dão às 14 músicas alheias que compõem este disco, era algo muito novo e surpreendente para mim. Antes de tudo, a fantástica habilidade deste artista australiano de transformar cada um desses
covers em obra totalmente sua, é que faz o brilho e a qualidade perene deste
Kicking Against The Pricks.