terça-feira, 19 de maio de 2009

Meus Discos Preferidos: Anos Oitenta

1 - CloserJoy Division (1980)
Um disco enigma, um modelo que seria absurdamente copiado (e jamais igualado), e o nascimento de um mito. O suicídio do vocalista Ian Curtis tornaria este segundo e último álbum do Joy ainda mais cultuado, mas a força e a beleza das derradeiras canções registradas por Curtis têm vida própria e se impõem acima de qualquer mórbida adoração e culto da morte (um pecado no qual muitos fãs de rock parecem incorrer).

2 The SmithsThe Smiths (1984)
O primeiro disco lançado por Morrissey e cia beira a perfeição e tem canções absolutamente clássicas, como This Charming Man, Still Ill e What Difference Does It Make . Ainda que eles tenham atingido a maturidade com o terceiro trabalho, The Queen Is Dead, de 1986, The Smiths é repleto de uma inocência e lirismo que se perderiam um pouco ao longo do caminho. E há também a fantástica capa - belo trabalho gráfico que criou uma identidade visual, que marcaria para sempre a carreira da banda.

3DocumentR.E.M. (1987)
Até hoje, o melhor disco da grande banda americana e também aquele com o maior número de canções clássicas (The One I Love, The Finest Worksong e a definitiva It’s The End Of The World As We Know It), Document colocou o rock independente veiculado em rádios universitárias nas paradas, chamando a atenção do resto do mundo para a banda do vocalista Michael Stipe. É bem verdade que eles nunca igualariam a energia e a pegada alcançadas aqui, mas o R.E.M. tem o mérito de ter permanecido fiel a sua ética de independência e integridade artística. Além de, é claro, terem gravado outras músicas perfeitas...

4 WarU2 (1983)
Durante muito tempo, o melhor disco da década de 80, foi, para mim, The Joshua Tree, lançado pelo U2 em 1986. Mas, curiosamente, esse foi um disco que não resistiu tão bem ao teste do tempo quanto o terceiro trabalho da banda, War. Vigoroso, recheado de músicas que até hoje compõem o set list dos shows do U2, War perdeu muito de sua importância como disco político e contestatório, mas permanece inalterado em sua qualidade musical.

5 Ocean RainEcho & The Bunnymen (1984)
Se tivesse apenas a faixa-título – uma canção grandiosa, que parece querer atingir o céu – e a emblemática The Killing Moon – a perfeição em formato de canção-pop – este disco já seria imprescindível. Mas há muito mais para se deleitar na fórmula pós-punk psicodélica manipulada com precisão por Ian McCulloch e os Homens-Coelho. Ambicioso, poético e altamente viciante.

6 Low LifeNew Order (1985)
O New Order poderia ter se tornado apenas um “sub Joy Division”, mas, ao invés disso, preferiu se arriscar e acabou burilando um som totalmente novo e que teria grande influência em todos os sons que misturam rock com música eletrônica. A diferença entre o New Order e seus seguidores, é que seus integrantes tinham um imenso talento para criar pérolas pop, coisa que Low Life tem aos montes. De Love Vigilantes até o encerramento com Face Up, este disco se revela uma aula de como fazer música para chacoalhar o corpo, sem esquecer de alimentar a mente. Brilhante!

7 Surfer RosaPixies (1988)
De todos os discos que conheci, no final da década de 80, nenhum foi tão marcante quanto Surfer Rosa. Embora, a rigor, o Pixies não apresentasse nada de novo, o impacto de sua surf music insana foi imenso. Durante alguns anos, eles foram tudo que se pode esperar de uma banda de rock: rebeldes, pesados, iconoclastas e surpreendentes. E autores de algumas das melhores canções daqueles anos.

8 Let It BeThe Replacements (1984)
Ao lado do R.E.M, esta talvez seja a mais importante e influente banda surgida no underground americano. Nirvana, Pearl Jam, Smashing Pumpkins, enfim, todos os grandes grupos surgidos nos Estados Unidos, na década de 90, devem alguma coisa aos Replacements. Let It Be é o disco para começar a gostar deles. Tudo está aqui: do rock certeiro de I Will Dare até o cover esperto de uma canção obscura do Kiss, Black Diamond, o grupo não dá uma fora. Um disco de rock direto e sem frescuras.

9PsychocandyThe Jesus And Mary Chain (1985)
O ruído como forma de expressão artística não era exatamente uma novidade. O Velvet Underground já havia incorporado sons pouco usuais ao seu rock de vanguarda. Mas os irmãos Reid levaram essas experiências embrionárias a níveis realmente inesperados. Profundamente influenciados por Beach Boys, pelos grupos femininos da década de 60 e pelo Velvet, o Jesus recuperou a canção de 3 minutos como pedra fundamental do rock, e acrescentou a esse formato muita distorção, microfonia, ruídos diversos e uma barulheira infernal. No meio de camadas e mais camadas de guitarras, o grupo se sai com pequenas maravilhas como Some Candy Talking e Just Like Honey.

10Kicking Against The Pricks Nick Cave And The Bad Seeds (1986)
Este disco marcou muito meu final de adolescência. Acho que o escutava três, quatro vezes seguidas, tentando entender o que me fascinava tanto. Hoje, percebo que o tratamento entre irônico e reverente que Cave e sua banda dão às 14 músicas alheias que compõem este disco, era algo muito novo e surpreendente para mim. Antes de tudo, a fantástica habilidade deste artista australiano de transformar cada um desses covers em obra totalmente sua, é que faz o brilho e a qualidade perene deste Kicking Against The Pricks.

6 comentários:

Anônimo disse...

caríssimo luis, não sei o que dizer em meu primeiro comentário disponibilizado aqui no blog. tirando o new order - em particular, aquele dançado na new aquarius - e um ou outro artista, pouco posso compartilhar contigo nesse vasto universo musical, salvo a felicidade de perceber o quão bom são seus textos. perceba que, mesmo desconhecendo 80% dos artistas aqui citados, é gratificante ler a respeito deles. mérito todo seu. a propósito, já ouvi falar em celine dion mas em "amadeus & mariana", não. um grande abraço do amigo e eterno admirador.
lázaro luis lucas
brasília-df

Luis Valcácio disse...

Lázaro, você é ótimo! Gostaria tanto que levasse essa verve afiada para o resto da gentalha...

Afonso C. disse...

"amadeus & mariana"!!
delícia!
cremosa!!!

Robson disse...

Aí Luis, já temos uma afinidade musical, David Bowie, realmente o cara é demais, como você viu, descobri desde cedo e ele povoou toda a minha adolescência com ardor, vou falar muito dele no blog, praticamente tenho todos os LPs dele, desde o "Space Odity" até o "Never let me down", passando por uma coletânea que incluia músicas da época que ele ainda se chamava David Jones, mas pra mim o melhor de todos é o "Ziggy Stardust", um disco completo, rock em sua plenitude, acompanho a carreira dele até hoje, não com o mesmo ardor, mas ele sempre foi um porto seguro para manter acesa a chama do Rock.

Quanto aos melhores dos oitenta, você deve ter tido um trabalhão, desta vez de maneira inversa, para conseguir esta lista, afinal dizem que os 80 foram a decada perdida (preconceito?), não curtia muito o rock nesta época, estava mergulhado na imensidão da MPB, principalmente os alternativos (Lira Paulistana,Jards Macalé, etc..) e uma época de descobertas, o Jazz e a Música Clássica, mas da lista gosto muito do The Smiths, U2, Joy Division e Nick Cave, o resto conheço pouco, mas sei que são bons, mas vou dar meu pitaco, "Sandinista" do The Clash e "Bring on the Night" do Sting são tudo de bom.
Mais uma vez parabéns pelo blog.
Abraços

Robson Calado

Luis Valcácio disse...

Caro Robson,
a década de 80 foi a época em que eu comecei a gostar de música, foi o tempo da descoberta, do rock decolando aqui em Brasília, Legião bombando no Brasil todo, então eu acabo tendo uma relacionamento muito afetuoso com aqueles anos... Mas, não há dúvida que com a perspectiva que só o tempo pode dar, não se pode comparar a producão musical oitentista com a dos 70 ou 60 (aí é covardia, né?). Quanto aos discos mencionados por vc, o Bring On The Night foi um disco que eu curti muito, mas que acabou meio que arquivado . Dificilmente volto a ele. Curto mais o trabalho do Sting com o Police. O Sandinista é aquele álbum triplo do Clash, né? Infelizmente até hoje não esbarrei com esse álbum. Mas é uma ótima sugestão . Adoro The Clash.
Abracão

Harry disse...

Preciso muito comentar que joy division é muito foda...
Parabéns pelo Blog...
Abraço