segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Outras Notas Francesas

Na onda francesa da última postagem do Lázaro, aproveito aqui para viajar um pouquinho à mítica terra de Victor Hugo, Rodin e Truffaut.

Quando era criança, não existia nenhum país no mundo que exercesse um fascínio tão grande em mim quanto a França.

Para completar a paixão, aos 10 anos, ganhei uma bolsa de estudos de quatro anos para a Aliança Francesa brasiliense. Na época – início da década de 80 – o método da Aliança para crianças se chamava Bonjour Line. A cada aula, acompanhávamos as aventuras da menina Line e seus amiguinhos Alan e Paul, que viajavam pela França e encaravam situações dificilmente enfrentadas por criaturas de 9 anos de idade.

De qualquer maneira, o francês daqueles anos ficou um tanto enferrujado e o fascínio pela França caiu um pouquinho em sua original intensidade.

Já estive por duas vezes em Paris e, deixando de lado a famosa antipatia dos parisienses e o fato de que quase fui atropelado em um sinal vermelho bem pertinho da Torre Eifel (pelo menos seria um atropelamento em grande estilo!), me deslumbrei com a beleza inigualável da capital francesa como todo mundo, mas também me assustei com os preços astronômicos, com as atrações lotadas e com a inegável xenofobia dos locais.

Se é para escolher uma cidade, hoje fico com Barcelona (Espanha) ou o Porto (Portugal).

Mas a cultura francesa não morreu nas minhas predileções. Especificamente, no que se refere à música, tenho boas lembranças da época de Aliança, quando traduzir um clássico do cancioneiro francês era uma das atividades mais esperadas.

Foi assim que conheci nomes como Françoise Hardy (a minha preferida), Charles Aznavour, France Gall, Dalida (que, apesar de ser egípcia e cantar com um sotaque muito acentuado, gravou canções antológicas como Parole, Parole e Mourir Sour Scene ) e Johnny Haliday (este um dos primeiros astros do rock francês).

Muito mais tarde, fui apresentado à ótima dupla Les Rita Mitsouko, que, em seu som, fazia uma estimulante mistura de ritmos. Foi a primeira vez que percebi que a música francesa não era só Edith Piaf e Yves Montand (fora pálidas imitações de rock americano e inglês).

Recentemente, a descoberta da dupla Air, formada pelos músicos Nicolas Godin e Jean Benoit Dunckel, tem sido fonte de grandes prazeres.

O disco Moon Safari é, para mim, um dos melhores dos últimos dez anos, uma viagem a um mundo de doces melodias, vozes femininas lânguidas como só existem em discos franceses e teclados vindos diretamente da década de 70.

Nos seus discos seguintes, os rapazes não conseguiram atingir o cume de beleza de Safari, mas seguiram gravando trabalhos bastante interessantes.

Para quem quiser se aprofundar mais na moderna música francesa, recomendo fortemente o disco La Zizanie, da cantora Zazie. Sem barreiras musicais, Zazie incorpora à sua dance music aparentemente banal, elementos da clássica chanson francesa mesclados com modernos sons eletrônicos.

Quando ela entoa um verso como aux armes, citoyennes (às armas, cidadãs!), ela não está apenas fazendo um trocadilho com o hino francês. Está, antes de tudo, convocando uma nova ordem para a música francesa contemporânea.

Trés bien, ma cherie!

2 comentários:

Roberto Menezes de Oliveira disse...

Caro Luis,
só estive em Paris uma vez e tive a sorte de tê-lo como companheiro de viagem, mais do que isso, um guia cultural particular de viagem.
Retomei meus estudos da língua francesa para o pós doc, e vou aproveitar suas dicas não apenas para a fruição da audição mas para o aprendizado do francês.
Au revoir,
Bob.

Luis Valcácio disse...

Bob, estamos a disposição para fornecimento de material musical, sempre.
Grande abraço e bonne chance com a língua francesa!