terça-feira, 29 de setembro de 2009

Não Há Boda em "Muriel" de Alain Resnais

Por Lázaro Luis Lucas

Terceiro longa-metragem do cineasta francês, Muriel (ou O Tempo de Um Regresso), de 1963, é sua obra mais acessível da primeira fase de sua carreira. Diretor de Hiroshima Meu Amor (1959) e Ano Passado em Marienbad (1961), Alain Resnais é para público bem específico.

Tido por críticos de cinema como um autor de filmes, suas obras estão intimamente ligadas à literatura. Alain Resnais preferia ver seus filmes roteirizados por escritores a roteiristas resultando, quase sempre, em obras difíceis para o público mediano de cinema, como eu, por exemplo.

Em Muriel, roteirizado pelo escritor Jean Cayrol, Resnais desenvolve seu filme a partir dos personagens Hélene (Delphine Seyrig), Alphonse (Jean-Pierre Kérien), Bernard (Jean-Baptiste Thierrée) e Françoise (Nita Klein). A cidade de Boulogne surge como um quinto personagem. Há, ainda, o "fantasma" da personagem Muriel, pronto a tomar de assalto a vida de todos eles.

Aqui, os personagens parecem próximos demais da loucura. Vivendo no limite, estão a todo tempo fugindo de algo ou de alguém, tentando em vão esconder uns dos outros seus medos, suas inseguranças e seus vícios. São personagens solitários em meio a todo o burburinho de uma cidade.

A trilha sonora, propositadamente deslocada e a edição apressada, privilegiando apenas os diálogos, reforçam ainda mais o clima de abandono. Parece a Nouvelle Vague. Felizmente, não é. Trata-se apenas um trabalho único de um autor de cinema e excelente diretor de atores.

Compõem, ainda, a filmografia básica de Alain Resnais os filmes Meu Tio na América (1980), A Vida é Um Romance (1983), Smoking/No Smoking (1993) e Medos Privados em Lugares Públicos (2006).

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