Gimme Fiction –
Spoon (2005)
Os americanos dominam de forma avassaladora a música de boa qualidade que se faz hoje. Enquanto os ingleses ficam choramingando e se lamentando, seus colegas nos Estados Unidos experimentam todas as possibilidades de se fazer música excitante, inteligente e altamente prazerosa. O
Spoon já possuía alguns anos de estrada quando atingiu o pico criativo com esse instigante
Gimme Fiction. O que o coloca, para mim, no topo da lista é o ótimo vocalista e principal compositor
Britt Daniels, capaz de cantar em falsete na ótima
I Turn My Camera On, soltar a voz em
My Mathematical Mind e ainda se converter num ótimo
crooner pop em
Sister Jack.
Dear Science –
TV On The Radio (2008)
Mais uma excelente banda, essa vinda do Brooklin, NY. Admirado por gente como
David Bowie, o grupo começou altamente experimental, mas foi, aos poucos, dosando ousadia musical com um instinto pop invejável. Num mundo perfeito,
Dear Science venderia horrores, tocaria sem parar no rádio e seria recebido pelo grande público como se fosse, digamos, um disco de
Mariah Carey. Sem os gritos e as caras e bocas, é claro.
Elephant –
The White Stripes (2003)
Uma das figuras mais produtivas da cena atual,
Jack White vai gravando um disco atrás do outro (com ou sem sua parceira
Meg), sem dar sinais de fadiga criativa.
Elephant não é em nada diferente da mistura de
blues,
country e
rock ensurdecedor que marcou os discos anteriores do grupo, mas é aqui que se encontram
Seven Nation Army,
The Hardest Button To Button e Girl, You Have no Faith In Medicine, para mim, as três melhores canções de
Jack e
Meg.
A Rush Of Blood To The Head –
Coldplay (2002)
A melhor banda inglesa de
pop rock dos últimos anos, o
Coldplay desperta reações apaixonadas: tem gente que acha um saco o som “sensível” do grupo, enquanto outros simplesmente se deixam levar pela qualidade – indiscutível – das canções compostas por
Chris Martin e Cia. Eu sou assumidamente do segundo grupo. Acho que eles são brilhantes compositores, que
Martin canta com todo coração e que, sim, ainda existe espaço para sensibilidade na música
pop.
Franz Ferdinand –
Franz Ferdinand (2004)
O melhor
debut da década, este disco é a suprema união entre o
guitar rock típico dos anos 90 com as batidas dançantes das bandas pop da década de 80. As influências apontadas aqui vão de
Duran Duran a
Gang Of Four, mas o que vale mesmo é a alquimia que estes escoceses realizam em canções já clássicas como
Take Me Out e
Darts Of Pleasure.
American Idiot –
Green Day (2004)
Num ano de grandes estréias, os já veteranos rapazes do
Green Day fizeram um épico
punk que radiografou a era Bush de maneira brilhante. Ambicioso, intenso, recheado de canções de qualidade atemporal ,
American Idiot é uma dessas obras que já nascem clássicas.
Rated R –
Queens Of The Stone Age (2000)
Chamado à época do lançamento deste disco de novo
Nirvana, o
QOTSA não precisou de comparações tolas para impor seu
rock setentista, chapadão e pesado. A primeira faixa traz sob o irônico título de
Feel Good Hit Of The Summer, uma letra que somente lista uma série de drogas lícitas e ilícitas, enquanto que em
Better Living Through Chemistry, o grupo ressuscita a psicodelia com um peso e uma pegada que remetem ao som do
Led Zeppelin e do
Black Sabbath.
Gang of Losers -
The Dears (2006)
Esta última década tem sido testemunha de uma extraordinária ascensão do
rock vindo do Canadá.
The Dears é uma das melhores bandas de uma cena que inclui nomes como
New Pornographers,
Broken Social Scene e
Feist. Girando em torno do ótimo vocalista
Murray Lightburn, o grupo limou excessos e vícios dos discos anteriores e lapidou, em
Gang of Losers, um diamante perfeito, que brilha da primeira à última faixa.
Live a Little –
Pernice Brothers (2006)
Joe Pernice é uma figura singular: faz música simples, de melodias assobiáveis, letras delicadas e arranjos cristalinos.
Live a Little é seu sexto disco e o exemplar mais bem acabado de uma estética que despreza modismos e modernices, em favor de espontaneidade e sinceridade raramente vistas. Toda vez que bate uma certa melancolia, coloco este disco no
player, seleciono a 3ª faixa,
Somerville, e logo me sinto mais confortado.
The Dirty South –
Drive-By Truckers (2004)
Sexto trabalho desta excepcional banda do Alabama,
The Dirty South é um disco para quem gosta de
rock puro e dos bons, sem frescuras ou maiores invenções. Tudo tem nítido sabor sulista, aquele
rock básico meio caipira, com um pé no
country e outro no
blues. É um disco longo (quase 80 minutos!), mas que não cansa ou se repete. E ainda tem uma emocionante homenagem aos vocalistas do
The Band, na bela
Danko/Manuel. Para quem quer saber como se faz
rock’n’roll de verdade, hoje em dia, este é o disco.