segunda-feira, 29 de junho de 2009

Man In The Mirror

Estamos todos conectados. Estamos emaranhados. Se preferir chamar de emaranhamento quântico, tudo bem. O fato é que estamos emaranhados. E não existe separação entre nós, o que fazemos uns aos outros também atinge um aspecto do nosso eu. Nenhum de nós é inocente nesse sentido. Existe algo lá fora de que não gostamos, e não podemos virar as costas para isso porque somos co-criadores, de uma forma ou de outra. E temos que fazer o que é certo para alcançar o melhor futuro para todos. Essa é a nossa responsabilidade como co-criadores. E, no processo, seja qual for o papel que assumamos – de políticos, de teólogos, de cientistas, de médicos ou qualquer outro -, todos podemos contribuir para a vida e levá-la além, usando o máximo de nossas habilidades e fazendo o que acreditamos ser o melhor. Isso requer que meditemos profundamente sobre cada coisa. Refletir e agir, reconhecendo que os outros são nossos irmãos e irmãs, e que tudo é um assunto de família. É isso.
William Tyller.

Começo hoje com uma citação, porque ela me pareceu extremamente oportuna diante da morte, na quinta-feira passada, 25 de junho de 2009, de Michael Jackson.

Durante os últimos 15 anos, o mundo assistiu, calado, a uma imensa campanha, por parte da mídia, de destruição e anulação do imenso legado artístico desse músico genial, que iniciou-se na vida artística em uma época em que a maioria ainda está apenas brincando e estudando, e evoluiu para uma carreira-solo, a princípio brilhante e, depois, ofuscada pelas atribulações de sua vida particular.

Não pretendo fazer coro aos milhões de viúvos espalhados pelo resto do mundo. Acho e sempre achei que Michael Jackson é uma figura fundamental para se entender toda a música pop planetária feita a partir dos anos 80. Sem Off The Wall e Thriller a história da música teria sido outra. Não existiriam artistas como Beyoncé, Justin Timberlake, Rihana, Maxwell e, até mesmo, Madonna (pelo menos, não da forma como a conhecemos e admiramos).

O que me chama atenção em todo o circo que se formou após a morte precoce de Jackson, é a transformação de um semelhante em diferente, excêntrico e anormal. Parece-me que nos assusta profundamente o que existe de nós mesmos naquele homem triste e patético.

Melhor, então, transformá-lo em aberração. Melhor ressaltar as modificações assustadoras de sua aparência que lembrá-lo como o negro lindo que ele era na década de 70. Melhor trazer a tona suas dívidas monstruosas do que recordar o performer eletrizante, o cantor excepcional, o dançarino hipnotizante. Melhor pensar que ele era um doente a reconhecer que poucas pessoas resistiriam de forma saudável a um sucesso e a uma adoração maiores que a própria vida.

Ver a mesma imprensa que o massacrou e ridicularizou incessantemente, agindo como urubus em cima da podridão, não é apenas triste. É desrespeitoso com milhões de admiradores do verdadeiro Jacko.

O artista completo, único e absoluto que tornou todas as nossas vidas mais alegres entre 1979 e 1987.

Esse Michael viverá para sempre.

3 comentários:

Afonso C. disse...

É, Luis, o universo conspira para a vacuidade, pois a insignificância nos cerca.
Eu só espero que na hora de todos os fins, a verdade deva surgir.
E cada um, aprisionado em seu destino, deve enfrentá-la sem mais escapatória.

Unknown disse...

Luis, vc disse, de modo muito enxuto e limpo, o que eu estou sentindo. Há meses postei um lance sobre o Michael, justamente tentando entender o pq da imprensa ter acabado com o MJ. E agora.... puta quepariu!

Luis Valcácio disse...

Foda, mesmo, Wal... Mas, ao menos, temos o consolo de termos acompanhado Jackson ainda no auge, né?
Abraço