quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Baixar ou Não Baixar?

A pirataria parece realmente ter se tornado um fato corriqueiro em nossas vidas. Ninguém se pergunta mais se está contribuindo para o fomento de uma atividade criminosa ou se está passando por cima dos direitos autorais de milhares de criadores mundo afora.

Comprar um DVD de um filme que sequer chegou aos cinemas ou baixar um álbum completinho na internet não são motivos de preocupação para ninguém.

Mas, no meio desta enorme festa de livre circulação de obras artísticas, eu me pergunto: Quem vai pagar a conta?

Há, primeiramente, uma questão que me parece genial neste admirável mundo novo. A arte, que historicamente tem sido um privilégio para o deleite das elites, circula livremente e está aí para quem quiser.

Não é preciso ter grana para importar o cd daquela banda que nunca sai por aqui. Ou pagar uma fortuna para levar toda a família ao cinema (a matemática não deixa dúvida: um casal com, digamos, dois filhos, gastaria uma média de 70 reais para assistir, por exemplo, A Era do Gelo 3. Isso sem falar nas pipocas e refrigerantes que custam os olhos da cara em qualquer bomboniere... Por outro lado, o mesmo filme, em versão pirata, sai a módicos 5 reais nas calçadas de nossas cidades. Não tem assalariado que pense duas vezes!).

Cobrar das pessoas consciência quanto à usurpação dos direitos autorais alheios é, no mínimo, ingênuo. Na selva em que todos vivemos hoje, cada um está apenas defendendo o seu lado.

Quem vai se preocupar se a Ivete Sangalo está com as contas em dia? A Sangalo que morra! Além do mais, todo mundo sabe que artista vive é de show. Vendagem de discos mantém – ou mantinha - bem poucos no Brasil.

Lá fora, a coisa é diferente, porque, afinal, eles sempre tiveram um mercado fonográfico bem estruturado, forte e profissional. Um grupo como os Beatles, por exemplo, pôde se dar ao luxo de parar de fazer shows e se concentrar somente na gravação de suas grandes obras. Outros tempos, sem dúvida...

O que me leva à questão da conta. Se a indústria esperneia, processa e corre atrás do prejuízo sem muitos resultados práticos, os artistas, por sua vez, parecem completamente perdidos no meio do tiroteio.

Há uma geração inteira de garotos e garotas que não sabem o que é ir a uma loja para comprar um disco. Quem é mais esperto e antenado, aprendeu a falar com essa turma diretamente na internet. Há aqueles, inclusive, que passaram a entregar suas músicas sem cobrar um tostão. Se tais carreiras frutificarão é um mistério que só o tempo desvendará.

Eu, como sou um quase quarentão e continuo adorando cada disquinho e cada discão que eu possuo, fico assim meio desconfiado de tudo isso.

O chato dessa história toda, é que colecionadores como eu vão ficando cada vez mais anacrônicos e nostálgicos. E eu não consigo deixar de lembrar como era gostoso sair andando de loja em loja, pesquisando preços, checando novidades, namorando raridades, amando a música mais que qualquer outra coisa...

4 comentários:

Cris França disse...

Bons tempos

tempo do paupável e duradouro album preferido.
Infelizmente a gente que a forceps se adaptar à era do descartável, que encanta pela facilidade e enjoa pela pouca durabilidade.
Mas me diz quem faz isso sem sofrer?
Leia o Homem e as Viagens de Drummond

abraços

Robson disse...

Pô Luís, supimpa este teu comentário, me fez lembrar a satisfação que tinha quando saía de um sebo com alguns LPs raríssimos, hoje, é só dar um "enter" que tá tudo a sua disposição, totalmente sem emoção.
Parabéns pela escrita.
Robson

Luis Valcácio disse...

É isso aí, amigos... Acho que a gente está virando dinossauro mesmo. Mas, ao menos, somos dinossauros com uma bela discoteca!
Abraços

madruga disse...

olá Luis,
a evolução leva-nos para uma selva, no meu ponto de vista a mama acabou para que se apoderava dos autores, como por exemplo para escrever algo e ser lido por alguém terias que editar em livro. Logo alguém alem do autor iria lucrar com isso! Hoje podes tu mesmo sem sair de casa publicar um possível best selers. Na musica passa o mesmo se fores realmente um artista mesmo que passes musica na net gratuita todos te querem ouvir. e quem sai a lucrar é o artista pois tendo a fama todos querem promover.
adorei a sua abordagem do tema tudo no passar do tempo passa de moda e volta noutras formas, antes ser pirata tinha que matar, saquear e destruir, hoje é bem diferente, minguem tira nada pois tudo se mantêm no no mesmo lugar sem destruir e no final todos podemos usufruir.

um abraço